“Alteraram a lei antiterrorismo, o que saudamos, e também fizeram uma emenda à Constituição, o que também saudamos (…). Mas, infelizmente, a lei antiterrorismo fica aquém”, apontou o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlüt Cavusoglu.
O chefe da diplomacia turca, que falava no final de um Conselho de Negócios Estrangeiros em Bruxelas, referiu-se especificamente à legislação antiterrorista sueca para evitar que o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que Ancara considera ser uma organização terrorista, “arrecade dinheiro para financiar o terrorismo”.
Cavusoglu respondia desta forma às questões dos jornalistas após uma conferência de doadores para as vítimas dos terramotos de fevereiro na Síria e na Turquia, organizada pela Comissão Europeia e pela presidência sueca do Conselho da UE.
Este evento decorreu depois de Ancara ter aprovado a entrada da Finlândia na Aliança Atlântica na sexta-feira, embora tenha mantido o veto à Suécia.
Ancara pretende que se mantenham as negociações diplomáticas entre os dois países.
O primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, realçou, numa outra conferência de imprensa no âmbito da conferência de doadores, que a decisão da Turquia não foi uma surpresa e que continua confiante que o seu país possa aderir à NATO em breve.
“Sabíamos que havia uma possibilidade de isso acontecer. A Finlândia e a Suécia queriam ingressar na NATO juntos (…). Não foi uma surpresa. Não era o nosso desejo, respeitamos a decisão da Turquia, mas esperamos ingressar rapidamente”, apontou Kristersson.
A Finlândia e a Suécia solicitaram há dez meses a adesão à NATO na sequência da invasão russa da Ucrânia, abandonando décadas de não-alinhamento.
A Turquia e a Hungria são os dois únicos membros da Aliança Atlântica (atualmente 30) que ainda não ratificaram a adesão de Estocolmo e de Helsínquia, que implica uma aprovação por unanimidade.
Um porta-voz governamental explicou na sexta-feira que o Parlamento da Hungria votará sobre a adesão da Finlândia à NATO a 27 de março, enquanto o caso da Suécia será abordado “mais tarde”.
Embora o caminho de Helsínquia se mostre aberto e desimpedido, a adesão de Estocolmo tem contado com a resistência da Turquia (cada Estado tem poder de veto), que critica a Suécia por, entre outros aspetos, não extraditar indivíduos acusados de pertencerem a organizações curdas declaradas pelas autoridades turcas como grupos terroristas.
A posição agravou-se depois de se ter registado um incidente diplomático em janeiro, quando um extremista queimou o Alcorão, o livro sagrado do Islão, em Estocolmo, provocando a suspensão das negociações durante várias semanas.
O secretário-geral da NATO afirmou hoje que é importante que Suécia e Finlândia sejam Estados-membros “assim que possível”, mas não é objetivo “que se juntem ao mesmo tempo”, alterando o discurso sobre esta questão.
Até agora, o secretário-geral da NATO tinha apelado à ratificação dos acordos de adesão em simultâneo, mas face às imposições levantadas por Ancara, Jens Stoltenberg deixou cair esta reivindicação e concentrou-se em avançar com o processo de adesão da Finlândia.
Contudo, o responsável recordou que os dois países já beneficiam de proteção especial dos países da NATO desde que se tornaram candidatos.
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