O avião que levava a equipa de futebol brasileira Chapecoense a Medellín caiu na noite de segunda-feira, na Colômbia, onde seria disputada a primeira mão da final da Copa Sul-Americana. Há sobreviventes. Na origem do acidente estão "falhas elétricas".
A Aviação Civil publicou há momentos a lista de sobreviventes deste desastre aéreo, sendo eles, a tripulante Ximena Suárez; o técnico da aeronave Erwin Tumiri; os jogadores de futebol Alan Ruschel, Jackson Follmann e Helio Hermito Zampier; e o jornalista Rafael Valmorbida. De referir que Danilo Padhila, guarda-redes de 31 anos e um dos sobreviventes resgatados, não resistiu aos ferimentos e faleceu.
As caixas negras do avião já foram encontradas e estão sob custódia das autoridades competentes para a investigação do caso, confirma o ministro dos Transportes da Colômbia, Jorge Eduardo Rojas.
A Aeronáutica Civil da Colômbia publicou na rede social Twitter uma foto das duas caixas pretas encontradas e, segundo o órgão, estão em "perfeito estado".
Segundo informações divulgadas esta manhã pela Aviação Civil, a bordo seguiam 22 futebolistas, 28 acompanhantes e equipa técnica, 22 jornalistas e nove membros da tripulação. A autoridade divulgou no mesmo período a lista completa de passageiros:
Assim, a bordo deveriam seguir 81 pessoas, segundo as informações oficiais, mas também aqui há dados contraditórios. A Globo avança que pelo menos quatro jogadores não embarcaram, sendo eles, Luciano Buligon, Plinio Filho, Gelson Merisio e Ivan Agnoletto.
Sabe-se igualmente que nove jogadores da Chapecoense não viajaram a Colômbia por decisão técnica e permaneceram no Brasil, sendo eles, Rafael Lima, Nenem, Demerson, Marcelo Boeck, Andrei, Hyoran, Alejandro Martinuccio (argentino), Moisés e Nivaldo.
Nas operações de resgate dos corpos, lideradas pela Aviação Civil, pela Força Aérea Colombiana e pelos serviços de emergência, estiveram envolvidos 150 operacionais.
Avança o site desportivo da Globo que as operações de busca e resgate foram encerradas. O Diretor Geral da Unidade Nacional para Gestão de Risco e Desastres, Carlos Iván Márquez Pérez, fez o último balanço: 6 feridos e 71 mortos.
Entre as vítimas há vários jornalistas. A Fox Sports Latin America confirmou, em comunicado, que seis funcionários da sua filial no Brasil faleceram no acidente. O canal expressou o seu "mais profundo pesar pelo acidente aéreo, no qual seis dos passageiros eram companheiros da equipa da Fox Sports Brasil", informou em comunicado Carlos Martínez, presidente da Fox Networks Group Latam. Os jornalistas da Fox Sports que faleceram no acidente são Deva Pascovicci, Mario Sérgio, Paulo Júlio Clement, Victorino Chermont, Rodrigo Santana e Lilacio Júnior.
Há duas semanas, o mesmo avião tinha sido utilizado pela seleção argentina, com Lionel Messi a bordo, na viagem de Buenos Aires até San Juan para o jogo contra a Colômbia no âmbito das eliminatórias da Copa do Mundo da Rússia-2018.
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Michel Temer, presidente do Brasil, já reagiu à tragédia, através do Twitter, e decretou três dias de luto nacional.
Além de Temer já muitos outros reagiram nas redes sociais. Veja aqui.
O presidente do Brasil adiantou ainda que a Força Aérea brasileira vai disponibilizar quatro aviões para transportar as famílias das vítimas do acidente aéreo. Michel Temer disse que os aviões poderão ser usados para levar as famílias até a Colômbia ou até mesmo para trazer os corpos dos brasileiros mortos no acidente de volta ao país.
Entretanto, a Globo avança que os familiares das vítimas se vão deslocar à Colômbia esta quarta-feira.
O acidente
"A informação que temos é de que a aeronave foi dada como desaparecida às 21h30 (hora local) e o acidente foi registado por volta das 22h34", informou à AFP um porta-voz da Aviação Civil.
"Confirmado, a aeronave com matrícula CP2933 transportava a equipa Chapecoense Real", pode ler-se na publicação deixada no Twitter pelas autoridades do aeroporto José María Córdova de Rionegro, da cidade de Medellín, onde é partilhado também o comunicado da Aviação Civil que dá conta da ocorrência.
O avião da empresa Lamia saiu do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, fez uma escala em Santa Cruz de la Sierra, na Bolíviar, e o acidente ocorreu na localidade Cerro Gordo, município de La Unión, na região de Antióquia, explicou a Direção dos Bombeiros da Colômbia numa mensagem publicada nas redes sociais.
O acesso ao local, a 50 quilómetros de Medellín, só pode ser feito por terra devido ao terreno acidentado.
A Aviação Civil da Colômbia explicou em comunicado que instalou um posto de comando unificado no aeroporto José María Córdova.
Já a câmara municipal de Medellín ativou a sua rede hospitalar e mandou os funcionários do Departamento Administrativo de Gestão de Risco de Desastres ao local, anunciou no Twitter o responsável pelo município Federico Gutiérrez.
Plano de voo alterado
A Agência de Aviação Civil (Anac), citada pela AFP, informou que o itinerário de voo planeado pela Chapecoense teve de ser alterado poucas horas antes de a equipa embarcar, devido a disposições legais.
A delegação pretendia seguir num voo direto, feito pela empresa Lamia, de Guarulhos até Medellín, mas o trajeto não foi autorizado por causa de acordos internacionais vigente que exigiam, neste caso, que a companhia responsável fosse brasileira ou colombiana, acrescentou a Anac.
Os jogadores embarcaram, então, num voo comercial da BOA, outra empresa área, que os levou até Santa Cruz. De lá, entraram no avião da Lamia, que caiu na região de Cerro Gordo, na Colômbia, entre os municípios de La Ceja e La União, no departamento de Antioquia.
Chapecoense reage
Diretamente da Arena Condá, o vice-presidente do clube, Ivan Tozzo, confessou-se transtornado e lamentou o acidente: "É muito triste a notícia que recebemos hoje de manhã, jamais esperaríamos por isso. (...) Foi muito difícil, até agora, ainda não caímos em nós. É complicado, uma equipa que a gente ama, estou há muito tempo envolvido na Chapecoense, sei tudo que passamos e agora que chegamos ao destaque nacional acontece uma tragédia dessas", disse. Na rede social Facebook, o clube mudou a sua imagem de perfil para uma a preto e branco.
A equipa, que nos seus 43 anos de existência viveu situações de grande precariedade, iria disputar a primeira mão da final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional, de Medellín. "Neste momento que alcançamos uma fama nacional, aconteceu esta tragédia", afirmou emocionado Ivan Tozzo, vice-presidente da Chapecoense.
O adversário já manifestou a sua solidariedade nas redes sociais. "O Nacional lamenta profundamente e solidariza-se com @chapecoensereal pelo acidente ocorrido e espera informações das autoridades", publicou o clube no Twitter.
O Atlético Nacional pediu nesta terça-feira à Conmebol que o título da Copa Sul-Americana seja entregue à Chapecoense. "O Atlético Nacional convida a Conmebol a entregar o título da Copa Sul-Americana à Associação Chapecoense de Futebol como prémio honorífico pela sua grande perda e em homenagem póstuma às vítimas do acidente fatal que colocou em luto o nosso desporto. Da nossa parte, e para sempre, a Chapecoense é a campeã da Copa Sul-Americana-2016", disse o clube colombiano.
A Conmebol suspendeu oficialmente a final da Copa Sul-Americana após o acidente. "Todas as atividades da Confederação (Sul-Americana de Futebol) estão suspensas até novo aviso", afirma em comunicado.
Uma fonte da Conmebol explicou à AFP que isto significa a suspensão do jogo entre Atlético Nacional da Colômbia e Chapecoense, assim como o congresso da entidade que aconteceria na quarta-feira em Montevidéu.
Entre as tragédias aéreas já marcaram a história do futebol está a que envolveu a equipa do Torino, em 1949, e a queda do avião do Manchester United perto de Munique, em 1958.
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