Após seis meses de investigação sobre a tragédia que tirou a vida a pelo menos 249 pessoas, em janeiro, o relatório final da CPI afirma que a Vale, proprietária da barragem, “sabia de todos os riscos de rutura da estrutura”.
“O conjunto de depoimentos e de dados levantados pela CPI indicou que a Vale Brasil sabia de todos os riscos de rutura da barragem em Brumadinho e que praticamente nada foi feito pela mineradora”, escreveu a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, responsável pela CPI, na rede social Twitter.
O relatório afirma que a Vale sabia que a barragem operava com um nível de segurança abaixo do previsto pelas normas internacionais do setor.
“Ocorreu cegueira deliberada da Vale”, afirmou o relator da CPI, deputado André Quintão, durante a leitura do relatório, citado pela imprensa local.
Entre os apontados pela comissão estão o presidente da companhia Fábio Schvartsman e o diretor-executivo da Vale Peter Poppinga, ambos afastados dos cargos após a rutura da estrutura, e a responsável técnica pela barragem, Cristina Malheiros.
Além dos funcionários da Vale, foi também pedida a acusação pelo mesmo crime dos engenheiros que assinaram o documento que atestava a estabilidade de estrutura da barragem, Makoto Namba e André Jum Yassuda, ambos funcionários da empresa alemã TÜV Sud.
No total, 13 funcionários da Vale e da TÜV SUD foram acusados no relatório, que pede ainda que os seus passaportes sejam retirados, segundo a imprensa brasileira.
Além de nomear os responsáveis pela tragédia, o relatório aponta, ao longo de 300 páginas, uma série de recomendações aos órgãos públicos para evitar novos desastres semelhantes.
O pedido de indiciamento será agora enviado ao Ministério Público do Estado de Minas Gerais, que irá decidir sobre o seu encaminhamento à justiça.
A companhia brasileira Vale teve em julho a sua primeira condenação pela rutura de uma das suas barragens em Brumadinho, no estado de Minas Gerais, em 25 de janeiro deste ano, que causou a morte a pelo menos 249 pessoas, entre moradores e trabalhadores, sendo que 21 permanecem desaparecidas.
Além das perdas humanas, os quase 13 milhões de metros cúbicos de lama que foram lançados com a rutura da barragem atingiram animais selvagens e domésticos, chegando ao rio Paraopeba, que percorre várias cidades do estado e onde havia captação de água para abastecimento daquela região metropolitana.
A barragem que cedeu em Brumadinho pertencia à empresa mineira Vale, maior produtora e exportadora de ferro do mundo, que sofreu críticas e perdas financeiras devido ao desastre.
A empresa esteve envolvida há três anos numa outra catástrofe semelhante, ocorrida numa das minas da sua subsidiária Samarco no estado de Minas Gerais, na cidade de Mariana, na qual morreram 19 pessoas.
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