“Foi uma conversa muito interessante em que o senhor Presidente da República também esteve muito participativo e em que focamos, de uma forma transversal, os problemas da saúde”, adiantou à Lusa Carlos Cortes, após ter sido recebido em Belém pelo chefe de Estado.
Segundo o bastonário, o encontro, o primeiro com Marcelo Rebelo de Sousa após ter sido eleito para o cargo em fevereiro, serviu ainda para a OM manifestar a sua “total disponibilidade para dialogar e para apresentar soluções, para ajudar a desenvolver e construir o país”.
“Falamos das dificuldades que existem hoje e que são conhecidas no SNS, na forma como as mudanças estão a ser implementadas dentro do SNS e aquele que deveria ser o papel da OM como conselheiro e de ajudar nas soluções”, adiantou Carlos Cortes.
O bastonário lamentou, porém, que “muitas vezes o poder político recorra pouco a esta colaboração da OM”, mas garantiu que pretende continuar a dialogar e a “exigir uma melhor saúde para os portugueses”.
“Eu gostaria que o poder político não desperdiçasse esta mais-valia que é a OM e a capacidade técnica que tem, o conhecimento do terreno que tem, que pode ajudar a termos um melhor SNS, melhores cuidados de saúde, mais acesso ao SNS e até mais recursos humanos e melhores condições de trabalho para o SNS e para o sistema de saúde na sua globalidade”, salientou.
“Obviamente que o senhor Presidente da República está sempre muito atento a todas as questões, tem uma grande sensibilidade e um grande conhecimento destas questões da saúde”, adiantou ainda o bastonário, ao sublinhar que a ordem “irá considerar na sua intervenção” as sugestões dadas por Marcelo Rebelo de Sousa na audiência de hoje.
Em 16 de fevereiro, o médico patologista clínico foi eleito bastonário dos médicos com 61,94% dos votos, num total de 11.176 votos, na segunda volta das eleições disputadas com o médico Rui Nunes, que obteve 6.867 votos.
Na sua tomada de posse, em 15 de março, Carlos Cortes fez um “balanço preocupante” da saúde em Portugal, com a resposta do SNS assente numas urgências “em dificuldades” e com uma gestão de “navegação à vista”.
“O SNS afunda-se sob um sistema que assenta grande parte da sua resposta num serviço de urgência hospitalar em dificuldades, desvalorizando o papel indispensável dos cuidados de saúde primários, da prevenção da doença, da promoção e da literacia em saúde”, afirmou Carlos Cortes na altura.
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