Na apresentação de resultados do primeiro semestre (lucros de 12,3 milhões de euros), questionado sobre o que foi fazer à Polícia Judiciária (PJ) em final de junho e a relação com a investigação a José Berardo, Miguel Maya disse que não comenta mas acrescentou que o banco colabora com as autoridades.

“Não vou comentar o que vou fazer a nenhum sítio, o BCP colabora neste e em todos os processos. Em todos os processos o BCP tem uma postura de colaboração correta com as autoridades”, afirmou o presidente executivo do BCP.

Sobre as dívidas de Berardo ao BCP, disse apenas que em todos os casos o banco “promove todas as atuações no tempo e com a intensidade adequada para fazer prevalecer os seus interesses e recuperar o máximo do crédito”.

Quanto ao período em que André Luis Gomes, principal advogado de José Berardo, foi administrador não executivo do BCP, Miguel Maya afirmou que aquele nunca participou na gestão dos processos de crédito.

Já questionado sobre se o BCP não se sente enganado por ter tido um administrador que dificultou o acesso do banco às garantias dos créditos concedidos pelo cliente José Berardo, disse não comentar mas que o “banco tem vindo a tomar todas as medidas para recuperar esta exposição”.

“Estamos em tribunal, ao estarmos em tribunal é que sabemos que houve coisas que não foram feitas com aquilo que deveria ter sido feito e com base no estipulado nos contratos. O banco tem esses processos em tribunal e procurará fazer prevalecer os seus direitos até às últimas consequências, naturalmente tendo sempre em consideração a questão do tempo que pondera nas decisões”, disse.

Segundo o Ministério Público (MP), entre 2006 e 2009, Berardo e as suas empresas contrataram quatro operações de financiamento que terão causado “um prejuízo de quase mil milhões de euros” à CGD, ao Novo Banco e ao BCP.

O BCP apresentou hoje lucros de 12,3 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, menos 84% do que no mesmo período de 2020.

De acordo com a apresentação de resultados, as contas entre janeiro e junho foram impactadas pelo reforço de 214,2 milhões de euros nas provisões para perdas relacionadas com créditos em francos suíços concedidos na operação do BCP na Polónia.

Os resultados incluem ainda 87,2 milhões de euros de custos de reestruturação em Portugal, pois o banco espera reduzir este ano mais de 800 trabalhadores. Admite recorrer a despedimento coletivo caso os funcionários que pretende que saiam não aceitarem fazê-lo por rescisões por mútuo acordo e reformas antecipadas.