“Quero saudar todas as escolas e todos os profissionais que fizeram tudo o que podiam para organizar o regresso às aulas em segurança. Infelizmente o Governo e o Ministério da Educação não fizeram tudo aquilo que estava ao seu alcance para lhes facilitar a vida”, criticou.
Joana Mortágua, que falava hoje à tarde em Almada, no distrito de Setúbal, durante uma sessão de ‘rentrée’ do BE, defendeu que, no âmbito da pandemia de covid-19, o Governo deveria ter avançado com medidas como a redução do número de turmas, a contratação de mais assistentes operacionais e o rejuvenescimento da classe docente.
Relativamente à redução do número de turmas, a deputada bloquista considerou que esta medida, “embora de difícil implementação”, seria a “mais eficaz para garantir o distanciamento e prevenir episódios de indisciplina”.
“Quando o Governo se atrasou a dar as orientações às escolas o Bloco de Esquerda fez esta proposta no parlamento e ela foi chumbada. O Governo falhou uma oportunidade”, lamentou.
Joana Mortágua criticou igualmente a demora do Governo em rever a portaria de rácios que permite às escolas poderem contratar mais assistentes operacionais, considerando que esta situação “já devia ter ficado resolvida no verão.
“As escolas não têm o número suficiente sequer para o seu funcionamento dito normal. E, num momento em que se exige um esforço e um reforço da higiene e da limpeza era no verão que o problema tinha de ficar resolvido. E o Governo falhou as suas responsabilidades”, afirmou.
O não rejuvenescimento dos professores foi outras das falhas apontadas para Joana Mortágua, que apontou para a existência de professores, “já com idade mais avançada” e “na linha da frente sem retaguarda”, dadas as características da doença.
“Eu vi horários de alguns professores e não gostava de experimentar dar seis horas de aulas seguidas de máscara para 28 adolescentes, com cinco minutos de intervalo para mudar de sala. Não me imagino fazê-lo, passar a semana, o ano a fazê-lo, observou.
A deputada bloquista alertou ainda para o perigo de as escolas se poderem tornar prisões para as crianças, responsabilizando o Governo por não ter agido em tempo útil.
“A gestão do risco ficou para as escolas, que para tentarem controlar esse risco tomam medidas que vão tornar a experiência na escola muito dolorosa. Vamos fazer tudo para evitar que os jovens fiquem o dia inteiro numa sala de aula, sem poder tirar a máscara, nem sair nos intervalos ou ir a casa almoçar. Nós que nunca quisemos uma escola depósito também não queremos uma escola prisão”, vincou.
No entanto, apesar destas adversidades, a deputada bloquista deixou uma mensagem otimista aos encarregados de educação e um apelo para um regresso às aulas.
“Na segunda-feira milhões de famílias vão confiar os seus filhos às escolas Nós sabemos que há riscos, haveria sempre riscos, mas pior seria a certeza de uma geração sem Educação. Por isso a mensagem que quero deixar para os pais, avós e alunos, que na segunda vão voltar à escola, é que estão a fazer a coisa certa”, concluiu.
As aulas começam entre os dias 14 e 17 de setembro e será o regresso ao ensino presencial depois de, no passado ano letivo, as escolas terem sido encerradas em meados de março devido à evolução da pandemia de covid-19.
A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 916.372 mortos e mais de 28,5 milhões de casos de infeção em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.855 pessoas dos 62.813 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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