Apesar de a Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL) garantir que os sedimentos não estão poluídos e de considerar que são “de excelente qualidade e que podem ser descarregados diretamente nas praias, ou imersos em meio hídrico”, as análises conhecidas até à data remontam a agosto de 2017, sublinha aquele partido, no seu requerimento.
Ora, diz o Bloco de Esquerda, tendo em conta que esta informação tem já mais de quatro anos, as entidades competentes devem esclarecer se os sedimentos que estão a alimentar as praias a sul do quebra-mar “correspondem de facto a areias de classe 1 e 2 [de boa qualidade]”, já que os impactes observáveis “fazem crer” que essas praias “estão a ser expostas a sedimentos finos ou lodos”.
Mesmo pondo de parte que estes eventos tenham origem nos dragados ou nas dragagens que se encontram em execução, “importa esclarecer de onde são oriundas”, acrescenta aquele partido, num requerimento entregue na Assembleia da República e dirigido ao Ministério do Ambiente e da Ação Climática.
A APDL garantiu na segunda-feira que a dragagem no âmbito da obra do porto de Leixões tem um “vetor de sustentabilidade” que prevê a reposição de sedimentos no litoral e não “acarreta preocupações ambientais”.
Esta intervenção, feita no âmbito da obra de prolongamento do quebra-mar exterior e de melhoria das acessibilidades marítimas ao Porto de Leixões, em Matosinhos, está agora numa “primeira etapa, que diz respeito à dragagem de sedimentos”, seguindo-se “uma segunda etapa, que é a dragagem da rocha”, explicou então o engenheiro civil Hugo Lopes, da APDL.
Questionado sobre a cor escura dos sedimentos que se encontram nas praias do Porto e em Matosinhos, o engenheiro explicou que é como nos leitos dos rios, onde há “alguns lodos” e outro material “um bocadinho mais turvo, mais escuro, que dá alguma cor”.
“Estamos a viver, nestes últimos dias, um mar maravilhoso, um mar espelhado, e, portanto, há pouca emulsão, pouca mistura dessas partículas e, portanto, leva algum tempo até que essas partículas acabem por se diluir no meio hídrico, mas, como digo, não acarreta qualquer tipo de preocupação do ponto de vista ambiental”, garantiu.
Em nota de imprensa, a APDL acrescentou que “as dragagens estão a ser feitas no canal de acesso e no anteporto do Porto de Leixões, mas apenas as areias dragadas no canal de acesso são descarregadas na envolvente do Castelo do Queijo”.
“O restante material é descarregado no vazadouro ao largo, a cerca de 2,26 milhas”.
Com um prazo de execução de 30 meses, a empreitada de melhoria das acessibilidades marítimas ao Porto de Leixões, que compreende o prolongamento do quebra-mar em 300 metros e a dragagem da bacia de rotação, implica um investimento de 147 milhões de euros.
Destes, 131 milhões de euros são em obra e o restante em serviços complementares como fiscalização e coordenação de segurança.
Em dezembro de 2020, o presidente da APDL, Nuno Araújo, adiantou estar a ser feito um estudo sobre o “valor económico do desporto de ondas em Matosinhos e no Grande Porto”, uma das recomendações do “parecer favorável condicionado” da comissão de avaliação ambiental.
Por isso, a APDL prevê indemnizar, se for caso disso, as empresas deste setor ou apoios e equipamentos de praia (bares e restaurantes), ressalvou.
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