Em exposição vão estar primeiras edições das principais obras originais e traduzidas do autor de “Retalhos da Vida de um Médico” (1949), bem como fotografias de Fernando Namora em diversas fases da vida, o manuscrito de “O Crime do Desespero” e um dos dois únicos exemplares existentes de “Cadernos da Juventude” (1937), informou hoje a BNP.
Formado em Medicina pala Universidade de Coimbra, Fernando Gonçalves Namora cedo abandonou a prática médica, tendo trabalhado por pouco tempo numa empresa de produtos farmacêuticos.
Tornou-se escritor ainda muito jovem, pelo menos desde os 16 anos, e versou todos os géneros literários, desde o ensaio ao conto, passando pela poesia, pelo romance, pela crónica e pelo registo memorialista.
Ambicionou, projetou e conseguiu viver da escrita como nenhum outro autor português do século XX, tendo publicado centenas de títulos, muitos reeditados e traduzidos em diversos idiomas, tornando-se num dos escritores portugueses mais prolíficos e traduzidos, sublinha a BNP em comunicado.
Além de escritor, foi também ilustrador, sobretudo na sua fase juvenil, e associou-se, ainda jovem, à corrente neorrealista, começando por colaborar em múltiplos jornais, alguns dos quais fundou ou ajudou a fundar.
Deve-se a Fernando Namora a preparação da primeira coletânea de textos de índole neorrealista, “Cadernos da Juventude", em 1937, cuja tiragem “desapareceu na voragem do auto-de-fé a que foi condenada” e mais tarde proferiu, em forma de conferência na Academia das Ciências, a leitura crítica do movimento, publicada em separata com o título de “Esboço Histórico do Neorrealismo”, em 1961, segundo informação disponível no site da BNP.
Autor de um romance autobiográfico da geração coimbrã a que pertenceu, “Fogo na Noite Escura”, em 1943, Fernando Namora publicou em 1938 o seu primeiro livro, “As Sete Partidas do Mundo”, que lhe valeu o Prémio Almeida Garrett, no mesmo ano em que se lhe atribuiu o Prémio António Augusto Gonçalves, de artes plásticas.
Seguiram-se títulos como “Casa da Malta”, “Minas de San Francisco”, “A Noite e a Madrugada”, “O Trigo e o Joio”, “O Homem Disfarçado”, “Cidade Solitária”, “Domingo à Tarde” e “O Rio Triste”.
Algumas das suas obras mais marcantes foram adaptadas a cinema e a televisão, nas décadas de 1960 e de 1980, como "Retalhos da Vida de Um Médico" e "Domingo à Tarde".
A mostra fica patente de 27 de junho até 30 de agosto, podendo ser visitada gratuitamente, de segunda a sábado.
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