“A dissidência é patriótica. Não deve ser apenas protegida, deve e será saudada com gentileza”, disse hoje Antony Blinken, num discurso sobre a modernização do Departamento de Estado, adiantando que vai “ler e responder” pessoalmente todas a questões a si dirigidas.

Durante o discurso, Blinken orgulhou-se de ter “revitalizado” o “canal de dissidência”, um processo bem estabelecido através do qual os diplomatas podem partilhar opiniões críticas sobre a linha política com a sua hierarquia.

O secretário de Estado norte-americano pediu o desenvolvimento mais amplo de uma “cultura de dissidência construtiva e profissional” para “fortalecer” a política externa dos EUA, anunciando mais um “canal” — dedicado a novas “ideias” — para que os diplomatas menos limitados possam contribuir para tomadas de decisão “criativas”.

O “canal de dissidência” foi criado durante a Guerra do Vietname e teve variados destinos ao longo de décadas.

Sob o mandato de Donald Trump, os secretários de Estado Rex Tillerson e Mike Pompeo foram internamente acusados de ignorar as posições divergentes.

Em julho, diplomatas enviaram a Antony Bliken uma nota dissonante alertando-o para um colapso mais rápido do que o esperado das autoridades afegãs devido ao avanço dos talibãs, graças à retirada das forças militares norte-americanas.

Os diplomatas pediram a Blinken que montasse imediatamente uma ponte aérea para retirar os norte-americanos e os afegãos ameaçados pela tomada do poder pelo movimento radical islâmico.

Como resposta, a administração Biden acelerou a emissão de vistos para os afegãos que trabalhavam para os EUA, mas não colocou em prática uma operação real de evacuação até à catástrofe de última hora, quando os talibãs já estavam às portas de Cabul.

A oposição republicana, mas também muitas vozes dentro do Partido Democrata ou do Departamento de Estado, criticou a gestão do processo de retirada de militares e cidadãos do Afeganistão em agosto.

Hoje, Antony Blinken anunciou também que solicitou uma série de relatórios internos para determinar como poderia ter antecipado e organizado melhor a evacuação.

“Não vamos perder a oportunidade de aprender e fazer melhor”, realçou.