“Pedimos à Rússia que se contenha perante qualquer escalada” de violência, disse a porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), Ravina Shamdasani, numa conferência na sede da ONU em Genebra.
A organização considera particularmente inquietante os alvos atingidos – alvos civis – bem como o momento escolhido para bombardear os alvos na Ucrânia, em horas de grande movimento de pessoas nas ruas.
O gabinete de direitos humanos da ONU confirmou hoje que pelo menos 12 pessoas foram mortas e mais de uma centena feridas nos bombardeamentos russos de segunda-feira em cidades ucranianas, sublinhando que muitos dos projéteis visaram alvos civis, o que viola o direito internacional.
As autoridades ucranianas avançaram números mais elevados de vítimas, com 19 mortos e 105 feridos.
A porta-voz disse que os ataques a Kiev, Dnipropetrovsk, Zaporijia, Sumy e outras áreas causaram danos em pelo menos 12 infraestruturas energéticas e algumas foram destruídas, outra indicação de ataques deliberados a alvos civis.
“Estes ataques, com o inverno à porta, levantam preocupações sobre a segurança de civis e populações vulneráveis”, alertou Shamdasani, que sublinhou que tornar alvos as infraestruturas indispensáveis à sobrevivência da população “é proibido pelo direito humanitário internacional”.
“Exortamos a Federação Russa a abster-se de uma nova escalada no conflito e a pedimos que tome todas as medidas necessárias para evitar baixas civis e danos em infraestruturas não militares”, concluiu a porta-voz.
Mísseis, foguetes e drones russos caíram sobre a Ucrânia em retaliação pelo ataque, “terrorista”, segundo o Presidente russo, Vladimir Putin, que destruiu parcialmente a ponte que liga a Rússia à península da Crimeia, anexada em 2014.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas — mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,6 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.221 civis mortos e 9.371 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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