A data foi marcada pelo juiz Alexandre de Moraes, na condição de relator do processo, depois de a última das testemunhas convocadas pela acusação e pelos advogados de defesa ter prestado depoimento hoje na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal.

Para além do ex-presidente vão agora ser interrogados Alexandre Ramagem (ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência),  Almir Garnier (ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Augusto Heleno, (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional), Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) e Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro).

Apenas o último, por se econtrar preso preventivamente no Rio de Janeiro, será ouvido por videoconferência. Todos os restantes serão interrogados presencialmente na sede do STF, em Brasília.

A denúncia contra este grupo foi aceite por unanimidade, no final de março, pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal.

Todos eles foram acusados de organização criminosa, tentativa de abolição violenta do Estado democrático, golpe de Estado, dano qualificado e destruição de património público.

O plano golpista terá começado após a vitória do atual Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, nas eleições de outubro de 2022.

Bolsonaro tentava a reeleição nessas eleições, mas não aceitou a derrota nas urnas e, segundo a acusação, foi então elaborado um golpe de Estado para impedir a posse de Lula da Silva, que culminou com a invasão das sedes dos três poderes em 08 de janeiro de 2023.

Desde 19 de maio e até hoje, depuseram 52 testemunhas, propostas tanto pela acusação como pela defesa.

Os depoimentos que mais podem comprometer Bolsonaro foram dados por dois ex-chefes militares, que confirmaram terem sido convocados pelo então presidente em dezembro de 2022 para discutir alternativas para impedir a posse de Lula da Silva

Um deles foi o ex-comandante do Exército, general Marco Antonio Freire Gomes, que disse aos juízes que Bolsonaro consultou os chefes das Forças Armadas sobre a possível implementação de um estado de sítio e “intervenção” na Justiça Eleitoral.

Freire Gomes deixou clara a sua oposição e avisou Bolsonaro que deveria “avaliar todas as consequências”, pois se enveredasse por esse caminho seria “enquadrado juridicamente”.

O encontro foi confirmado pelo ex-chefe da Aeronáutica Carlos Batista Júnior, que endossou as palavras de Freire Gomes e afirmou que as propostas de Bolsonaro são “um atentado ao regime democrático”.

Ambos também concordaram num outro ponto e declararam que o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, outro dos acusados neste processo, foi o único chefe militar que não se opôs claramente a estes planos de golpe.

Fontes judiciais afirmaram que a intenção é que o julgamento seja concluído ainda este ano e que as sentenças sejam proferidas entre outubro e novembro.