“Não houve nenhuma irregularidade. Os inspetores da Autoridade Nacional de Proteção Civil é que, para agradarem ao seu dono, ao seu amo, não se importam de desrespeitar e pôr em causa a honorabilidade, a dignidade e a honradez de uma associação humanitária de bombeiros. A sua incompetência é que os leva, efetivamente, a estas atrocidades”, disse hoje Jaime Soares à agência Lusa.
Em causa está o inquérito ordenado pelo Ministério da Administração Interna à ANPC sobre as refeições servidas aos bombeiros durante o combate aos incêndios, no qual foram alegadamente detetadas irregularidades e discrepâncias entre as refeições servidas por 12 associações humanitárias e os documentos que as comprovam.
Em declarações no final da sessão solene do 135º aniversário dos Bombeiros Voluntários da Figueira da Foz, alegou que a LBP não pôs em causa a necessidade de auditorias, mas reclamou auditorias “sérias e transparentes, e não auditorias que antes de o ser, já são de má-fé”.
“E é contra a má-fé, contra a incompetência, que a Liga dos Bombeiros Portugueses levanta a sua voz”, declarou Jaime Soares, que, aquando do anúncio do inquérito, já tinha contestado a isenção da ANPC na realização da auditoria, por ser a entidade que financia as refeições servidas aos bombeiros durante o combate aos incêndios.
“O inspetor de auditorias e fiscalização da Autoridade Nacional de Proteção Civil está de má-fé. E lançou a suspeição para cima de todos os bombeiros portugueses quando há uma dúzia de associações que não cometeram nenhuma ilegalidade”, frisou o presidente da Liga.
Jaime Soares admitiu que “há uma diferença” entre as refeições fornecidas aos bombeiros e as faturas da compra de alimentos que “não correspondem ao mesmo valor, nem podem corresponder”, porque parte dos alimentos resultam de doações das pessoas, alegou.
“O povo português, muitas vezes, está nos bombeiros a ajudar a confecionar [as refeições], dá o arroz, dá as batatas, dá o bacalhau, dá a massa, dá o azeite, dá o vinho, dá essas coisas todas e, efetivamente, dá aos bombeiros, para ajudar os bombeiros, não dá ao Estado, não dá à Autoridade Nacional de Proteção Civil”, argumentou.
Na sessão solene realizada na noite de terça-feira, Jaime Soares dirigiu-se ao secretário de Estado da Proteção Civil, Artur Neves, presente na cerimónia, e exigiu ao governante que demitisse “imediatamente” o diretor de auditorias e fiscalização da ANPC, acusando-o de “falta de capacidade e honestidade intelectual” para exercer as funções.
Na resposta, Artur Neves defendeu a realização de auditorias, afirmando que “todos devem ser escrutinados”.
“A seu tempo, as instituições terão justificações para dar e não haverá problema a esse nível. Não vamos fazer disto uma luta, porque não vale a pena”, retorquiu o secretário de Estado.
Na sua intervenção, Artur Neves frisou que os incêndios de 2017 obrigam a “uma meditação profunda” e defendeu uma estratégia de Proteção Civil “preventiva” em Portugal.
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