"Chegámos hoje ao final de uma operação de Proteção Civil extremamente complexa", disse hoje o Presidente da Autoridade Nacional de Proteção Civil, Tenente-General Mourato Nunes, em Borba.
Antes de prosseguir com um balanço preliminar, Mourato Nunes fez referência "ao resgate da viatura e do corpo ocorrido esta manhã".
"Ontem, já ao final da tarde, nos vários trabalhos que foram feitos, o equipamento da marinha de guerra portuguesa detetou um equipamento que podia configurar ser uma viatura. A viatura que nós procurávamos e a última vítima que se procurava", acrescentou.
Em relação aos trabalhos deste sábado, o Tenente-General referiu que foi um trabalho "extremamente complexo levado a efeito por parte dos bombeiros das várias associações do distrito de Évora, da Força especial de Bombeiros da Autoridade Nacional de Proteção Civil e dos elementos do Núcleo de Proteção e Socorro da GNR". Uma operação que foi "muito meticulosa, muito complexa, no sentido de poder resgatar a viatura e, consequentemente, resgatar, o corpo da última vítima, que nós pensamos que seja, de facto, a última vítima, que estava dentro da pedreira", acrescentou.
Segundo o responsável da Proteção Civil, as operações decorreram "de acordo com o planeado" e afirma que "felizmente, esta fase está ultrapassada", referindo-se ao resgate do corpo da última vítima para o "entregar à família".
“Quando há vítimas, uma operação nunca é um êxito”, mas, “face às circunstâncias, que já sabíamos que havia vítimas, e face àquilo que era possível fazer num espaço temporal o mais curto possível e sem provocar a ocorrência de mais vítimas, eu direi que foi feito tudo aquilo que podia e devia ser feito”, realçou.
Questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de existirem mais vítimas do acidente no plano de água da pedreira mais profunda, o presidente da ANPC argumentou que “garantias absolutas não existem”, mas tal é “praticamente impossível”.
De acordo com os elementos disponíveis, o Tenente-General defende que "não haverá mais vítimas" resultantes deste incidente e destaca que a "própria GNR, nas suas bases de dados, tem procurado se, nesta região, haverá desaparecidos, não configurando nenhuma situação que possa levar a concluir que haja mais vítimas no local".
“O que há é a probabilidade elevadíssima de que recolhemos todos os corpos, todas as vítimas que estavam na pedreira, face às descrições que temos, que não são muitas, mas são as possíveis, face ao conhecimento que existe na autarquia e nas juntas de freguesia das pessoas da área desaparecidas e face aos conhecimentos que as forças de segurança têm dos desaparecidos naquela data” em que ocorreu o acidente, frisou.
No final de uma operação que durou treze dias, o Tenente-General Mourato Nunes chamou à necessidade de "refletir um pouco aquilo que se fez: foram 13 dias de trabalho muito profícuo, trabalho em rede de todos os agentes de Proteção Civil" e enfatizou o papel dos jornalistas, que "acompanharam de muito perto este trabalho e viram a complexidade do mesmo".
No que diz respeito à exigência das operações relativas a este incidente, o responsável da Proteção Civil admitiu que tinham "consciência da dimensão ciclópica do trabalho que estava pela nossa frente" e que esse trabalho tinha duas linhas de orientação: "era um trabalho tecnicamente muito complexo, e, por outro lado, era um trabalho que exigia esforço muito continuado".
O Tenente-General referiu ainda que uma operação destas exige "um conhecimento e uma preparação grande dos nossos agentes da Proteção Civil, que se revelou [estar] à altura" da situação.
No entanto, o responsável lembrou que "há sempre aspetos que podíamos e devemos melhorar", admitindo que se vão tirar "muitas lições aprendidas" deste caso.
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