“Pela terceira noite, a Rússia bombardeia e destrói a infraestrutura portuária de Odessa [Mar Negro] e os silos de cereais. Arderam 60 mil toneladas de grão. [A Rússia] não só abandonou o acordo sobre a exportação de cereais ucranianos como está a queimar [a produção]”, disse o chefe da diplomacia da União Europeia antes da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros do bloco europeu.
Para Borrell, as ações russas contra a Ucrânia podem provocar o risco de “uma enorme crise alimentar em todo o mundo”.
“Se estes grãos não se armazenam e se destroem, significa que pode ocorrer uma escassez de alimentos, de cereais, a nível global”, alertou Borrell, após afirmar que os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia vão abordar a questão com o homólogo ucraniano, Dmitri Kuleba, através de videoconferência.
As autoridades ucranianas atribuem os ataques contra a infraestrutura portuária em Odessa à recente saída da Rússia do acordo de exportação de cereais.
Para regressar ao pacto, Moscovo pede a retirada das sanções sobre a exportação de cereais e fertilizantes russos para os mercados internacionais, assim como a eliminação dos obstáculos impostos aos bancos russos e a ligação “imediata” ao sistema de transferências bancárias SWIFT.
Neste sentido, Borrell insistiu na resposta europeia que deve reforçar o apoio militar à Ucrânia para ajudar Kiev a defender-se dos ataques russos.
“Os ataques de grande escala destas últimas três noites requerem, da nossa parte, uma resposta. A resposta só pode ser uma. Além da retórica, proporcionar mais recursos militares”, declarou.
Neste momento, segundo a EFE, discute-se a proposta sobre a aplicação de 20 mil milhões de euros para armamento destinado à Ucrânia nos próximos anos.
À chegada à reunião, Borrell não quis confirmar os valores da propostas afirmando no entanto que se trata de uma “quantidade muito significativa de dinheiro”.
“A Ucrânia não precisa de apoio mês a mês, mas sim apoio a largo prazo e um apoio estrutural e contínuo”, afirmou.
A proposta de Borrell sobre apoios a Kiev deve começar a ser discutida nos próximos meses sendo que vai ter de ser aprovada pelos 27 países da União Europeia.
“Se a pergunta foi feita aos ministros dos Negócios Estrangeiros, a resposta vai ser mais positiva do que a dos ministros das Finanças”, ironizou uma fonte diplomática à agência espanhola EFE antes do início da reunião de hoje em Bruxelas.
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