O sultanato de Brunei anunciou, na passada quarta-feira, que irá impôr a pena de morte por apedrejamento em casos julgados de adultério e de relações LGBT.
Como resposta, o ator norte-americano George Clooney, conhecido pelo seu ativismo político, apelou ao boicote de nove hotéis detidos pelo sultanato do Brunei.
"Cada vez que nos hospedamos, nos reunimos ou jantamos em qualquer destes hotéis, estamos a colocar dinheiro diretamente no bolso de homens que escolhem apedrejar ou chicotear os seus próprios cidadãos até à morte por serem homossexuais ou por serem acusados de adultério", escreveu Clooney no website Deadline Hollywood.
No texto, o ator deixa claro que os funcionários dos hotéis não têm culpa nem devem ser responsabilizados, mas deixa as perguntas no ar: "Será que vamos pagar pelas violações dos direitos humanos? Vamos mesmo ajudar a financiar a morte de cidadãos inocentes?"
Apesar de saber que o Brunei é uma monarquia onde "um boicote não terá qualquer efeito para mudar estas leis" e que "após anos a lidar com regimes assassinos" sabe que "não dá para embaraçá-los", Clooney diz ser possível produzir efeitos de outra forma, ao "envergonhar os bancos, os financiadores e as instituições que fazem negócios com eles e escolhem assobiar para o lado".
O ator termina o texto a enumerar todos os hotéis, situados nos Estados Unidos, Reino Unido, França e Itália.
O apelo de Clooney foi seguido hoje por Elton John, tendo o cantor de "Your Song" e "Candle in the Wind", que contraiu matrimónio em 2014 com o seu companheiro David Furnish, felicitado o ator no Twitter "por ter se posicionado contra a discriminação anti-gay e o sectarismo que impera no país de #Brunei - lugar onde os homossexuais são brutalizados, ou pior - ao boicotar os hotéis do sultão".
A homossexualidade já era considerada ilegal no Brunei, mas agora passa a ser um crime capital com a implementação do novo código penal, cuja severidade também se manifesta noutros crimes. Roubo, por exemplo, pode resultar na amputação de uma mão ou de um pé. As leis de que visam os direitos LGBT, porém, só se aplicam aos muçulmanos.
Brunei anunciou as medidas pela primeira vez em 2013, mas a sua implementação foi adiada enquanto as autoridades trabalhavam em detalhes práticos e em razão da oposição de grupos de direitos humanos.
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