Eduardo Cabrita, ex-ministro da Administração Interna, falava aos jornalistas à entrada para o Congresso Nacional do PS, que decorre desde sexta-feira na Feira Internacional de Lisboa (FIL) e que termina no domingo.
Interrogado se a justiça está a entrar na atividade política, Eduardo Cabrita considerou “estranho que, tendo demitido o Governo há dois meses, ainda não teve tempo para ouvir António Costa”.
“A justiça não é tema tabu, é como a educação, a saúde, a habitação, ou a segurança - área esta que temos tão bons resultados, em relação aos quais me orgulho. Mas a política não deve discutir casos judiciais e a justiça não deve discutir processos legislativos”, advertiu, aqui numa alusão indireta à chamada Operação Influencer.
No plano estritamente político, o dirigente socialista advogou que, neste congresso da FIL, o PS está “concentrado no essencial, que é derrotar a direita, provando que só este partido é uma força que garante estabilidade e crescimento”.
“Estamos aqui porque o Presidente da República marcou eleições. É algo que também será avaliado e escrutinado pelos portugueses. O Presidente da República é também avaliado pelos portugueses pela forma como entendeu marcar eleições”, reforçou.
Questionado se entende que há uma justiça diferente para o PS, Eduardo Cabrita rejeitou essa tese e, nesse contexto, desvalorizou o caso relacionado com a moradia construída pelo presidente social-democrata, Luís Montenegro, em Espinho.
“O que digo sobre a justiça aplica-se a todos. Quero que Luís Montenegro perca as eleições legislativas porque é incapaz e impreparado politicamente, mas não porque tenha algum processo em que possa ser envolvido”, disse.
Eduardo Cabrita fez questão de frisar que não faz recomendações à justiça, dizendo que tem o seu tempo, e assinalou o recente acórdão do Tribunal de Contas sobre a privatização da ANA (Aeroportos de Portugal).
“Ao fim de dez anos, a justiça disse que o PSD, quando esteve no Governo, não acautelou o interesse público na forma como privatizou a ANA. E mais - essa já é matéria política -, numa empresa transformada num monopólio privado, colocou um antigo ministro”, afirmou, aqui numa referência a José Luís Arnaut.
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