A informação foi dada à Lusa pelo chefe de gabinete da atual presidência, Nuno Cardoso, que afirma: “As buscas ainda estão a decorrer e o nosso acesso à informação é muito limitado, mas o que podemos dizer é que a investigação incide essencialmente sobre operações urbanísticas realizadas no mandado anterior”.
Miguel Reis, o socialista que atualmente lidera a câmara, está detido no âmbito da operação Vortex, “mas ainda se encontra no edifício”. Nuno Cardoso explica, aliás, que a detenção “prende-se com o facto de o atual presidente ser o detentor da pasta do Urbanismo, pelo que é responsabilizado por operações dessa natureza que transitem do mandato anterior para o atual”.
O chefe de gabinete confirma que a residência do anterior presidente da câmara, Joaquim Pinto Moreira, “também foi sujeita a buscas” e refere que esse ex-autarca do PSD só ainda não terá sido detido devido à sua imunidade parlamentar, já que atualmente exerce funções de deputado na Assembleia da República como eleito pelo círculo do Porto.
Também no âmbito da Operação Vórtex, outros detidos confirmados por Nuno Cardoso são José Costa, funcionário da Câmara de Espinho como chefe da divisão de Urbanismo da autarquia, e Francisco Pessegueiro, ligado à imobiliária Pessegueiro Investments e à cadeia de talhos que adota o mesmo sobrenome.
Sobre o mesmo caso, o vice-presidente da distrital de Aveiro do Partido Socialista, Hugo Oliveira, disse à Lusa: “Fomos apanhados de surpresa com a detenção do Miguel Reis e ainda não temos muita informação sobre o sucedido. Tivemos indicação de que os factos remontam a 2018, mas sem qualquer contexto adicional”.
Para Hugo Oliveira, é preciso “esperar que a Justiça e o Estado realizem agora o seu trabalho”, na expectativa de que, “o quanto antes, Miguel Reis possa esclarecer devidamente esta situação junto das entidades competentes”.
Através da Diretoria do Norte da PJ e com base num inquérito-crime titulado pelo Ministério Público do Porto, a Operação Vortex já envolveu hoje cerca de 20 buscas domiciliárias e não domiciliárias a serviços da Câmara de Espinho, residências de funcionários da autarquia e diversas empresas sedeadas nesse concelho e também no do Porto.
Dessa atividade resultou a detenção de cinco pessoas. Todos os detidos estão indiciados pela prática dos crimes de corrupção ativa e passiva, prevaricação, abuso de poderes e tráfico de influências.
Segundo a PJ, “a investigação versa sobre projetos imobiliários e respetivo licenciamento”, todos eles “respeitantes a edifícios multifamiliares e unidades hoteleiras” envolvendo “interesses urbanísticos de dezenas de milhões de euros, tramitados em benefício de determinados operadores económicos”.
[Notícia corrigida às 20h17 de 12 de janeiro. Retirada a referência ao Grupo Fortera e ao empresário Elad Dror que, de acordo com a nota de substituição da Agência Lusa, não estão envolvidos na investigação do processo Vortex].
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