"A Câmara do Porto não conseguiu realojar ainda todas as famílias do Aleixo nos seis meses a que se propôs. Por boas razões, mas não conseguiu. Falta muito pouco, pois as que ainda lá se encontram estão já em fase adiantada do seu processo de transferência", afirmou Rui Moreira na sessão da Assembleia Municipal.
"Podiam estar todos realojados hoje? Sim, podiam. Não me importo, contudo, de vir aqui explicar que não foi possível e ficar com o ónus de falhar uma meta à consciência de não termos feito tudo para melhorar a vida das pessoas que habitavam ou habitam o Aleixo, aproveitando esta oportunidade", declarou.
Esta revelação acontece seis meses depois de a autarquia ter anunciado que ia realojar, em habitação municipal, as 270 pessoas que ainda viviam nas três torres do Aleixo.
Na sua intervenção inicial, o presidente da câmara, o independente Rui Moreira, explicou que as razões são essencialmente de duas ordens: por um lado as rusgas, apreensões e detenções que ocorreram, entretanto, no local, por outro a complexidade do processo.
"A Câmara Municipal do Porto não promoveu qualquer dessas ações, mas tem o dever de colaborar com as autoridades judiciais e de investigação, o que atrasou consideravelmente o processo. O dever de sigilo era, neste caso, um bem maior que se sobrepunha ao de informar, por mais que nos tenha penalizado não poder dizer que alguns realojamentos estavam atrasados a pedido das autoridades de investigação", salientou.
Por outro lado, Rui Moreira adiantou que o "processo tornou-se bem mais complexo do que poderia parecer", já que no Aleixo vivem famílias cujas vidas nem sempre "encaixam na habitação social que vai vagando".
"Cada caso é um caso", sublinhou.
De acordo com Rui Moreira, no Aleixo ainda vivem cerca de metade das 270 pessoas que habitavam há meio ano, pelo que pediu à Domus Social, empresa municipal de habitação, que acelere esse processo.
"À medida que ficam vazias, as torres ainda habitadas tornam-se cada vez menos habitáveis e urge terminar o realojamento, após o qual a zona terá de ser vedada, segura e o fundo [imobiliário] tomará, seguramente, todas as medidas para que, o mais depressa possível, aquele cenário seja banido", defendeu.
Para o presidente da Câmara do Porto, "o ideal era que não tivesse havido uma solução que se revelou má para resolver o problema", mas, perante o problema, o município tem de o resolver.
"E estamos a resolver", garantiu.
No dia 10 de setembro de 2018, o município anunciou que ia realojar em habitação municipal, no prazo máximo de seis meses, as 270 pessoas que ainda viviam nas três torres do Aleixo porque estes imóveis "não são recuperáveis".
A solução passava por realojá-las em habitação municipal que ia vagando e "alguma da pouca habitação que foi entregue pelo fundo imobiliário", referiu na ocasião.
Já quanto ao Fundo do Aleixo, constituído pelo anterior presidente da câmara, o social-democrata Rui Rio, Rui Moreira afirmava estar a ser estudada uma solução definitiva.
O bairro do Aleixo era constituído por cinco torres, das quais restam apenas três, depois de a torre 5 ter sido demolida em 2011 e a torre 4 em 2013, no último mandato de Rui Rio.
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