“Esse é um dos primeiros problemas que eu deteto no PSD: afastou-se das bases, deixou de dialogar com o chão, com o local, com a aldeia, com a freguesia, com a Câmara, e passou a decidir de cima para baixo”, disse.
Manuel António Correia falava na inauguração da sede de campanha da sua candidatura à liderança do PSD/Madeira, no Funchal, que disputa com o atual líder do partido, Miguel Albuquerque, também presidente demissionário do Governo Regional (PSD/CDS-PP), agora em gestão.
As eleições internas estão marcadas para 21 de março e decorrem da crise política motivada pelo processo que investiga suspeitas de corrupção no arquipélago, no âmbito do qual o chefe do executivo foi constituído arguido e demitiu-se, o que levou à queda do Governo de coligação PSD/CDS-PP, com apoio parlamentar do PAN.
“A separação entre a sociedade e o PSD, com consequência nos votos, levou a um percurso errático, um percurso que não é coerente e que levou o PSD a fazer alianças incorrentes, ficando a ideia de que o que interessava era salvar o poder e não criar condições para governar bem”, disse Manuel António Correia, que discursou perante dezenas de apoiantes, entre os quais o antigo presidente do Governo Regional Alberto João Jardim, que chefiou o executivo entre 1976 e 2015 sempre com maioria absoluta.
O candidato realçou que partido tem vindo a perder votos de forma “contínua e persistente” desde que Miguel Albuquerque assumiu a presidência do executivo, em 2015, e hoje “vale pouco mais de 30%”.
“Eu sinto que a atual direção do PSD está conformada e satisfeita com o ‘suficiente’”, disse, para logo acrescentar: “O PSD não é um partido de ‘suficiente’, é um partido de ‘muito bom’ e de ‘excelência’ e é isso que vamos procurar.”
Manuel António Correia alertou também para o facto de PSD/Madeira não ter beneficiado da subida do número de votantes nas eleições nacionais de domingo (cerca de 22 mil, face às legislativas de 2022), tendo recebido apenas 10% desses votos, o que demonstra que o partido “está cristalizado”.
“Quem foi votar de novo censurou em 90% o PSD. Isto é extremamente preocupante. A mobilização que houve foi contra o PSD”, avisou, embora também tenha elogiado a vitória da coligação PSD/CDS-PP, que manteve três deputados eleitos pelo círculo da Madeira, ao obter 35,38 % (52.992 votos).
Manuel António Correia considerou, por outro lado, que o atual líder social-democrata madeirense começou a “perder a confiança” da população na sequência das eleições regionais de setembro de 2023, pois afirmou durante a campanha que só governaria com maioria absoluta e depois não respeitou a palavra.
“A verdade é que hoje o Dr. Miguel Albuquerque não tem a confiança da população e numa perspetiva de futuro, infelizmente, eu acho que não merecerá o voto favorável da população e não terá capacidade para formar um governo estável”, defendeu.
Manuel António Correia considera, por isso, que o caminho do PSD “precisa ser melhorado”.
“Não é admissível que os partidos e os seus principais dirigentes, as cúpulas dirigentes, muitas vezes de afastem da sociedade, criando um partido que não se identifica com ela”, avisou.
Em 2014, Manuel António Correia, então secretário regional do Ambiente e Recursos Naturais no executivo chefiado por Alberto João Jardim, disputou a liderança do PSD/Madeira precisamente com Miguel Albuquerque, mas perdeu a corrida na segunda volta, obtendo 37% dos votos, contra 63% do adversário.
Em 21 de fevereiro, o Conselho Regional do PSD/Madeira indicou que as eleições diretas vão realizar-se em 21 de março e o congresso regional em 20 e 21 de abril.
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