Funcionário público desde 1988, Carlos Manuel Antunes Bernardes iniciou a vida autárquica na Junta de Freguesia do Turcifal, no concelho de Torres Vedras, no distrito de Lisboa, onde exerceu o cargo de secretário entre 1989 e 1997.
Enquanto ainda exercia essas funções, entrou para a Câmara de Torres Vedras, como secretário do Gabinete de Apoio Pessoal ao então presidente, Carlos Miguel, cargo que manteve até 1997.
Em 1997 trocou o município de Torres Vedras pelo de Sobral de Monte Agraço e concorreu nas eleições autarquias desse ano na lista do PS, tendo-lhe sido atribuído o pelouro do Turismo.
Carlos Bernardes, que sempre disse gostar de viajar, regressou a Torres Vedras em 2003, para assumir os pelouros do Ambiente e Serviços Urbanos.
Quatro anos depois, assumiu o cargo de vice-presidente da autarquia que acabaria por presidir a partir de 2015.
Foi já como autarca socialista que se licenciou em Gestão de Empresas Turísticas e Hoteleiras, no Instituto Superior Politécnico do Oeste, em 2011. No ano seguinte, concluiu uma pós graduação em Turismo no Instituto de Geografia e Ordenamento do Território, da Universidade de Lisboa.
Já em 2015, doutorou-se em Turismo, no mesmo instituto, mas acabou acusado pelo Ministério Público por um alegado plágio na tese de doutoramento, intitulada "As linhas de Torres, um destino turístico estratégico para Portugal".
As suspeitas de plágio foram levantadas num artigo de opinião de um antigo vereador da Câmara, Jorge Ralha (PS).
Contudo, após ter sido condenado em 2020, o autarca viu a decisão anulada pelo Tribunal da Relação de Lisboa, no início deste ano.
À frente da Câmara de Torres Vedras, Carlos Bernardes inaugurou no dia 25 de abril o Centro de Artes e Criatividade (CAC), um novo espaço cultural dedicado ao Carnaval, evento âncora do concelho que anualmente atrai milhares de foliões. Porém, aquela que foi a sua última grande inauguração, acabou envolta em polémica, com algumas associações e grupos carnavalescos a criticarem o facto de não terem sido convidados a marcar presença na cerimónia.
Numa liderança marcada, por várias vezes, por renúncias de mandatos por parte de alguns vereadores, incluindo socialistas, Carlos Bernardes conheceu a última contestação no final de abril quando cerca de meia centena de pessoas se concentraram em vigília pela liberdade de expressão, depois de a vereadora Cláudia Horta, ter sido impedida de falar numa Assembleia Municipal.
Antes, em março, Carlos Bernardes tinha retirado os pelouros e a confiança política à vereadora, eleita pelo PS, sem, alegadamente, ter explicado os motivos da decisão.
Embaixador Quality Coast, membro do Comité Consultivo Político da CIVITAS Initiative e nomeado em 2016 embaixador Green Destination para a Europa, Carlos Bernardes ocupou ainda cargos no conselho de Administração dos Serviços Municipalizados de Torres Vedras.
Ao longo do seu percurso, participou, em Portugal e no estrangeiro, em várias conferências, seminários, ‘workshops’ e cursos relacionados com turismo, ambiente, sustentabilidade e mobilidade, entre outras áreas.
Nestes últimos quatro anos de mandato destacam-se a criação de ciclovias na cidade e a construção de passadiços na zona costeira do concelho.
Em março deste ano, quando assumiu a intenção de se recandidatar à Câmara, que ganhou pela primeira vez em 2017, afirmou: “Dentro da minha disponibilidade, continuo a servir o partido e a minha terra”.
Na altura, prometeu um “trabalho de continuidade” e apontou como prioridades o investimento em obras de transformação do antigo hospital do Barro num ‘campus’ da saúde, a construção de novas extensões de saúde em Runa, Ramalhal e São Pedro da Cadeira e a construção de um novo hospital na região.
Casado, com um filho, foi hoje encontrado morto em casa, no Turcifal, em circunstâncias que estão a ser investigadas pela Polícia Judiciária.
A Câmara Municipal de Torres Vedras declarou, a partir de hoje, cinco dias de luto municipal.
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