O presidente da Câmara Municipal de Lisboa recordou hoje a audácia dos republicanos que há 112 implantaram este regime em Portugal para defender um país que "ambicione uma renovação da vida nacional".
"Somos um país que evoluiu através do confronto (...) um confronto saudável, sem presunções de ideias únicas, sem superioridade moral, e que sempre recusou radicalismos", disse Moedas, para depois deixar uma farpa ao PS: "uma verdadeira República não é nem poderia ser a República de um partido".
"Se hoje queremos que o Viva a República! seja sinónimo de Viva Portugal! temos de nos inspirar na vontade de mudança que isso significou há 112 anos", reiterou.
"Sem essa vontade de querer projetar o nosso futuro, de construir um país e um mundo melhor, os países estagnam, e caem na pequenez de interesses imediatos", continuou, fazendo um apelo a que o país não ceda "à resignação" e ambicione não apenas convergir com a Europa, mas ser um país mais preparado, para que o seu destino não seja "cair fatalmente para a cauda da Europa".
"Perante os perigos deste mundo, no qual a guerra voltou à Europa e no qual a espiral inflacionista afeta principalmente os mais vulneráveis, a vontade de mudança que a nação, em momentos igualmente críticos, demonstrou no passado, é uma inspiração para todos nós, para não nos entregarmos à resignação, à inação e ao desânimo”, disse.
Para Moedas, “os desafios com que o país se depara exigem audácia e não resignação”.
“Não nos podemos resignar perante alguma estagnação económica”, disse, defendendo: “Queremos cada vez mais um país preparado para um mundo cada vez mais competitivo; um país que liberte os portugueses do jugo fiscal que se torna insuportável para as suas vidas”.
A ação que o edil preconiza passa, nomeadamente, pela capacidade de tomar decisões na saúde, na educação, na transição energética, na habitação. E essa ação, prosseguiu, “quando não pode partir do Estado central, deve ser assumida pelos municípios, que têm a responsabilidade política mais direta sobre os cidadãos”.
A esse propósito, recordou: “Foi, aliás, também esta a tradição municipalista que inspirou tantas figuras, republicanos e não republicanos, durante os momentos de angústia institucional, social e moral dos finais do século XIX no princípio do século XX”.
O arrojo dos que há mais de um século conduziram ao hastear da bandeira da República portuguesa foi várias vezes recordado por Carlos Moedas, para quem a audácia é tudo o que é preciso.
“Audácia para fazer política para as pessoas, com as pessoas, ouvindo as pessoas. E para não fazer uma política de impor às pessoas aquilo que os políticos acham que deve ser a sua vida”.
“Precisamos dessa audácia para superar a estagnação, para defender a liberdade, para proteger a democracia todos os dias”, concluiu.
Este 05 de Outubro é o primeiro com Carlos Moedas nas funções de presidente da Câmara Municipal de Lisboa – há um ano era presidente eleito, mas ainda não tinha tomado posse, e quem discursou foi o cessante Fernando Medina – e num quadro de maioria absoluta do PS, resultante das eleições legislativas de 30 de janeiro deste ano.
Também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, discursa hoje em Lisboa, na cerimónia comemorativa dos 112 anos da Implantação da República, em tempo de guerra na Ucrânia com efeitos económicos globais.
Depois de dois anos em que esta sessão solene se realizou no salão nobre dos Paços do Concelho, a República volta a ser celebrada ao ar livre, no exterior do edifício, na Praça do Município, junto da população que quis assistir à cerimónia.
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