“Na Margem Sul, estamos com uma procura acumulada deste ano também bastante significativa na área 4 […]. Se compararmos os passageiros de janeiro deste ano [e] os passageiros de outubro deste ano é um crescimento de 34%, bastante significativo. São números excelentes”, avançou à Lusa, ainda na última semana de dezembro de 2023, Rui Lopo, administrador da Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), que gere o transporte coletivo de passageiros rodoviários nos 18 municípios da Área Metropolitana de Lisboa.
A área 4, que começou a ser operada pela Carris Metropolitana em junho de 2022, corresponde aos municípios de Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal e, no caso das ligações intermunicipais, inclui também o Barreiro.
Segundo o administrador da TML, na área 3, que arrancou um mês depois em Almada, Seixal e Sesimbra (também no distrito de Setúbal, na margem sul do Tejo), o crescimento entre janeiro e outubro de 2023 foi de 27%.
“A procura na Margem Sul disparou mais, desde o início das operações e particularmente durante este ano [2023], porque a Margem Sul tem mais seis meses de avanço”, frisou Rui Lopo, considerando que “há um aumento maior município a município, pese embora uma evolução mais por etapas, mais faseada”.
A gestora dos transportes coletivos rodoviários de passageiros na Área Metropolitana de Lisboa (numa rede onde Barreiro, Cascais e Lisboa mantêm serviços próprios ao nível municipal) já está “com perto dos 13 milhões e meio de passageiros em outubro e em novembro”, com uma procura no distrito de Lisboa, face à entrada da Carris Metropolitana, de mais 40%.
De acordo com dados da TML, a que a Lusa teve acesso, na designada área 3, o município de Almada registou nos primeiros 10 meses do ano passado um total de mais de 12,5 milhões de passageiros (1.058.007 em janeiro/1.370.629 em outubro), Seixal teve mais de 10,5 milhões (962.253/1.186.665) e em Sesimbra foram transportados mais de 1,8 milhões (161.519/203.054).
Na área 4, Alcochete registou mais de 815 mil passageiros (79.179 em janeiro/94.752 em outubro), Barreiro contabilizou mais de 918 mil (76.169/111.038), Moita teve mais de 1,5 milhões (138.175/185.398) e o Montijo mais de 1,7 milhões (164.410/210.423). Já em Palmela foram mais de 859 mil (85.056/112.331) e em Setúbal mais de 4,6 milhões (383.137/530.778).
No total, no distrito de Setúbal, a área 3 teve mais de 24,8 milhões naqueles 10 meses e a área 4 mais de 10,4 milhões. Em Lisboa, a área 1 (Amadora, Cascais, Lisboa, Oeiras e Sintra) registou mais de 48,3 milhões de passageiros e a área 2 (Loures, Mafra, Odivelas e Vila Franca de Xira), mais de 32,9 milhões.
“Há uma procura muito grande de transporte, significa também que a rede responde. Se me perguntar ‘eh pá, responde já a 100%, isto já está tudo bem?’ Não, mas estamos a falar de milhares de horários, não é?”, sublinhou Rui Lopo.
O responsável salientou que a TML tem procurado responder aos problemas na Margem Sul, com “muitas alterações, muitos reforços, mais oferta”, apesar da dificuldade em não poder ir a um ‘stand’ comprar um autocarro.
“Os nossos prestadores de serviço têm que fazer uma encomenda, o autocarro demora a chegar”, disse, admitindo que a mão-de-obra, por natureza, “tem sido difícil de fixar”. Na sua opinião, a TML tem “conseguido responder” à procura e demonstra que “não são só as pessoas a entrarem na rede - é também a rede a conseguir adaptar-se às pessoas”.
Para o porta-voz da Comissão de Utentes de Transportes da Margem Sul (CUTMS), Marco Sargento, os primeiros meses da Carris Metropolitana “foram desastrosos”, com “muito pouca informação, muitas falhas nos horários e depois, sensivelmente seis meses depois, as coisas começaram a estabilizar”.
Entre as mais-valias do novo serviço, “há mais oferta”, mais linhas e melhor abrangência geográfica e os horários são melhores do que quando eram servidos pela Transportes Sul do Tejo, que passou a operadora, por concurso, na área 3, enquanto a área 4 foi entregue à Alsa Todi, “mas ainda há problemas”, apontou o representante dos utentes.
Os problemas passam pela criação de carreiras sem as paragens necessárias, nomeadamente em Almada, e a fiabilidade ainda não é a desejada.
Embora perceba que a área tem muito poucas faixas BUS e que os autocarros estão “muito dependentes do trânsito”, Marco Sargento referiu que “há ainda falhas nos inícios dos serviços e nos períodos noturnos, que são críticos” para quem trabalha por turnos.
Quando ao passe Navegante, o porta-voz da CUTMS aplaudiu a redução dos anteriores 180 euros para 40 euros ou 80 no caso de um agregado familiar, mas advogou que “está na hora de dar o passo seguinte” e que “não há razão nenhuma para o sistema transportes não ser gratuito para as pessoas que vivem e trabalham na área metropolitana”.
“Todos os estudos que nós conhecemos dizem que isto é perfeitamente comportável, que as autarquias e o próprio Estado suportam este investimento com grande facilidade e era um passo gigantesco para a melhoria do sistema, ia trazer mais gente ao sistema”, apontou Marco Sargento.
Para já, a presidente do Conselho Metropolitano de Lisboa, Carla Tavares, disse à Lusa que a área metropolitana “está centrada” em “garantir que tudo funciona” com o alargamento, desde 01 de janeiro, da gratuidade para os jovens e estudantes até aos 23 anos.
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