Num momento em que está em vigor o estado de calamidade pública, a líder do BE visitou a aldeia de Testeira, em Vila Real, que foi recentemente afetada por um grande incêndio que ameaçou casas e queimou mato e pinhal na serra do Alvão.
“Este é um fim de semana muito perigoso do ponto de vista das condições climatéricas, em que é necessário conjugar todos os esforços para evitar tragédias e é necessário que toda a população compreenda a necessidade de termos comportamentos muito cautelosos para com a floresta”, afirmou aos jornalistas.
Este está a ser, segundo Catarina Martins, um verão “particularmente difícil” para o país, que está a assistir a incêndios que atingem dimensões que já não se viam há mais de uma década.
“Estamos também perante uma seca extrema e naturalmente há uma série de problemas, até de decisões que não foram tomadas ao longo de anos, e que agora fazem com que estejamos a viver este verdadeiro pesadelo de incêndios”, frisou.
O Governo decretou calamidade pública, com efeitos preventivos, ativada às 14:00 de sexta-feira e que se prolonga até às 24:00 de segunda-feira, em cerca de 155 concelhos, sobretudo das zonas centro e interior norte do país, face ao “risco acrescido de incêndio nestes concelhos que se irá agravar progressivamente” no período de tempo abrangido.
Com o estado de calamidade em vigor, o Governo está a “tentar prevenir más notícias” e “ter todos os meios possíveis no terreno”, numa altura em que, na opinião de Catarina Martins, “quem combate os incêndios está já muito cansado”.
Por isso mesmo, para a líder do BE, todos estes homens e mulheres, bombeiros, forças de segurança ou populações, “são verdadeiros heróis”.
Questionada sobre se o estado de calamidade não devia ter sido decretado mais cedo, Catarina Martins apenas referiu que “o Governo é que tem dados, é que tem o poder executivo que lhe permite fazer essa análise”.
“Este é o momento de combate, mas não podemos deixar de dizer que a melhor forma de combater os incêndios é também a prevenção”, sublinhou.
A coordenadora do BE defendeu, por isso, que a reforma da floresta tem que continuar.
Nesta visita à serra do Alvão, Catarina Martins esteve também acompanhada pelo candidato do Bloco de Esquerda à Câmara de Vila Real, Mário Gonçalves.
Grande debate público sobre as infraestruturas
A coordenadora do Bloco de Esquerda disse também hoje que, mais do que consensos entre o PSD e PS, é preciso que haja um grande debate público sobre os investimentos em infraestruturas para o qual todos estejam convocados.
“Acho que já estava na altura de nós, no país, compreendermos que a discussão, a análise, o lançamento de grandes projetos, não depende necessariamente dos acordos da direita. Agora que devem ser debatidos e que toda a gente deve ser convocada para o debate, isso seguramente”, afirmou Catarina Martins aos jornalistas a propósito de declarações do primeiro-ministro.
António Costa afirmou numa entrevista ao jornal Expresso, que é "fundamental" um acordo com o PSD sobre os fundos europeus pós-2020, defendendo para isso "um novo ciclo político".
“Mais do que consensos entre PSD e PS, o que é preciso é que haja um grande debate público sobre as infraestruturas e perceber que há sempre alternativas que podem ser debatidas e que devem ser debatidas seriamente”, sublinhou a líder do Bloco, durante uma visita à serra do Alvão, em Vila Real, afetada recentemente pelos incêndios.
A coordenadora disse que o BE tem defendido “que os grandes investimentos do Estado devem ser objeto de um grande debate público, de uma grande discussão pública” porque os “investimentos infraestruturais têm efeitos de décadas no país e têm efeitos em todo o país”.
“Está todo o país interessado em saber como se resolve a questão do aeroporto de Lisboa, não é um problema só de Lisboa é um problema de todo o país e é um problema de fundos, deve ser debatido”, frisou.
E, acrescentou ainda ter “dúvidas de que um simples consenso entre PS e PSD nos dê as melhores soluções”.
Catarina Martins lembrou a construção dos estádios de futebol para o Euro 2004 e que os dois partidos “acordaram um investimento que foi de milhões e que hoje o país não percebe muito bem o que há de fazer com ele”.
“Julgo que o tempo político que nós vivemos hoje demonstra que é sempre bom debatermos alterativas para lá dos acordos do bloco central”, sublinhou.
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