Catarina Martins remeteu casos como o de Luís Monteiro para os tribunais, excluindo-os do “âmbito do partido”.
Em 12 de maio, Luís Monteiro, que negou recentemente acusações de violência doméstica, pediu a sua substituição como cabeça de lista bloquista à Câmara de Gaia nas próximas eleições autárquicas, mantendo-se como deputado “com a concordância” da direção do partido.
Hoje, em entrevista à Antena 1, a líder bloquista, Catarina Martins, foi questionada sobre este caso e rejeitou que o partido tenha demorado a reagir, explicando que a decisão de desistir da corrida autárquica foi pessoal e “teve a solidariedade da direção”.
“O crime de violência doméstica ou violência no namoro é muito grave e as denúncias devem ser levadas a sério e não devem ser desvalorizadas. Dito isto, uma acusação numa rede social também não acaba com a presunção de inocência de ninguém, como é normal num Estado de direito que levamos também muito a sério”, defendeu.
Catarina Martins reiterou que “este é um crime muito grave e que dá direito a pena de prisão”, mas deixou claro que “não é algo sobre o qual o BE se deva pronunciar no caso concreto”, uma vez que “seguirá o seu curso em tribunal”.
A líder do BE foi ainda questionada sobre se mantém a confiança política em Luís Monteiro.
“Todas as vítimas devem ser levadas a sério, que as denúncias não devem ser descartadas, vivemos num país em que muitas mulheres são mortas à mão dos seus companheiros ou ex-companheiros, em que muitas vezes as pessoas têm medo de denunciar com medo de não serem levadas a sério e, portanto, nós nunca vamos desqualificar nenhuma denúncia”, começou por responder.
No entanto, para Catarina Martins estes casos não são do “âmbito do partido”, mas “do âmbito dos tribunais”.
“E as acusações nas redes sociais não determinam a sua veracidade por serem feitas numa rede social e, portanto, o caminho será feito”, insistiu.
No dia 12 de maio, numa nota enviada à agência Lusa, Luís Monteiro referiu que “face ao efeito público das calúnias lançadas”, pediu à comissão coordenadora concelhia do Bloco de Esquerda de Vila Nova de Gaia a sua substituição como cabeça de lista à Câmara Municipal nas próximas eleições autárquicas.
O bloquista referiu ainda que “consultada a direção do Bloco de Esquerda e com a sua concordância”, continuará a desempenhar todas as suas atuais funções, na Assembleia da República e na organização partidária, nomeadamente na direção distrital do Porto e na concelhia de Gaia.
Numa posição oficial enviada à agência Lusa logo a seguir, o partido secundou a posição do seu deputado.
“Luís Monteiro mantém as funções para que foi eleito, como deputado e como dirigente do Bloco. Por sua decisão, renunciou hoje à candidatura à Câmara Municipal de Gaia e também à participação em lista candidata à Mesa Nacional que será eleita na XII Convenção do Bloco de Esquerda”, referiu então.
Em 18 de abril, a líder do BE, Catarina Martins, tinha estado precisamente em Vila Nova de Gaia para a apresentação do então candidato à autarquia, tendo discursado nessa mesma sessão.
O deputado do BE Luís Monteiro negou na semana passada as acusações de violência doméstica de que foi alvo e garantiu que “nunca agrediu qualquer mulher”, afirmando ter sido ele “vítima de agressões sucessivas, violência verbal e ameaças” ao longo desse namoro.
Nesse mesmo dia, o BE reiterou que “a violência é inaceitável” e que “o recurso à justiça é a forma de apurar factos e punir abusos”.
Numa curta posição oficial do partido enviada à agência Lusa, o BE assegurou que “mantém a mesma posição em todas as circunstâncias”.
Entretanto, numa breve resposta à Lusa ao final desse dia, Luís Monteiro adiantou que iria apresentar queixa.
O esclarecimento publicado nas redes sociais de Luís Monteiro surgiu depois de uma denúncia feita no Twitter por Catarina Alves no dia 04 de maio ao fim do final do dia.
“Andei a proteger o meu agressor para não perder amigos. Que grande burra. Homens ficam do lado de homens sempre. Podem chamar-lhe Luís Monteiro, a mim chamam-me louca”, pode ler-se na publicação no Twitter de Catarina Alves.
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