"Nós temos ouvido dizer que a paralisação nos portos é um problema para a economia. Mas o problema não está nos trabalhadores; está em empresas que acham que podem operar no nosso país contratando ao dia ou ao turno", disse Catarina Martins num encontro com estivadores eventuais do porto de Setúbal.
"Quem ataca a economia em Portugal não é seguramente quem luta pela dignidade de quem aqui vive e de quem aqui trabalha; é quem achar que pode fazer coisas indignas, como contratar ao dia. Se aceitarmos que pode ser assim em qualquer área da economia, estamos a dizer que no nosso país pode haver a lei da selva em tudo", acrescentou.
Solidária com o protesto, Catarina Martins dirigiu-se aos estivadores eventuais do porto de Setúbal para elogiar a determinação que têm revelado no que considerou ser uma luta contra o regresso ao passado.
"Sabemos que os vossos dias são muito difíceis, mas quando um trabalhador levanta a cabeça pelos seus direitos, está a faze-lo por si e pelo país todo. E por isso a nossa solidariedade é também de quem vos agradece a vossa determinação, porque são uma voz forte que se faz ouvir neste país, a dizer que não queremos praças da jorna, não queremos viver no século XIX. E exigimos que os trabalhadores tenham contratos de trabalho como deve ser", acentuou.
"É preciso negociar encontrar uma solução que respeite os vossos direitos. Qualquer pessoa que diga que os vossos direitos estão a ir contra a economia do país, deve querer voltar para um lugar qualquer muito escuro do passado, para onde nós não queremos voltar", sublinhou.
Catarina Martins defendeu ainda a urgência de se retomarem as negociações interrompidas na passada sexta-feira, com vista à regularização dos trabalhadores eventuais do porto de Setúbal, considerando que a exigência do sindicato era muito simples.
"As negociações foram paradas e não é claro porque é que foram paradas, porque o que os sindicatos o que +pediam é algo muito simples como a contratação dos trabalhadores que têm a ver com necessidades permanentes do porto de Setúbal. Não podemos ter um porto com 300 trabalhadores em que só 30 é que têm contratos de trabalho. Ninguém acredita que o porto de Setúbal só precisa de 30 estivadores. O que está aqui em causa é regularizar a situação laboral de quem trabalha", disse.
"Eu acho que nos insulta a todos como país, que, numa área tão importante para a economia como os portos, possam existir empresas que contratam pessoas ao dia e ao turno. É uma chantagem intolerável. O que é preciso, neste momento, julgo eu, é a serenidade, mas também a determinação, de obrigar toda a gente a voltar à mesa de negociações. E obrigar estas empresas que operam nos portos a cumprir o mais básico do direito do trabalho: garantir um contrato de trabalho a quem aqui está" concluiu.
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