Cateterismo é um procedimento médico invasivo no qual um cateter — um tubo fino, flexível e estéril — é introduzido no corpo, geralmente através de uma veia ou artéria, com o objetivo de diagnosticar ou tratar diferentes condições. Existem vários tipos de cateterismo, sendo o mais comum o cateterismo cardíaco (também conhecido como coronariografia), utilizado para examinar o coração e os vasos sanguíneos, que é aquele que André Ventura vai fazer. 

Como funciona?

Assim, o cateter é inserido, geralmente, pela artéria femoral na virilha ou pela artéria radial no braço ou pulso. Através desse cateter, é possível injetar um contraste visível a raio-x, permitindo aos médicos observarem o fluxo sanguíneo nas artérias coronárias e detectarem obstruções ou estreitamentos. O procedimento pode também ser usado para realizar intervenções como a angioplastia, que consiste na dilatação das artérias e, em alguns casos, na colocação de stents.

De acordo com informação da CUF, "segundo o Registo Nacional de Cardiologia de Intervenção, o acesso radial representava já 75% dos acessos em 2016, com vantagens a nível da segurança, além da redução da necessidade e do tempo de internamento, bem como da diminuição das complicações e da mortalidade".

O procedimento geralmente envolve anestesia local no local de inserção e é guiado por imagem (como raio-x ou fluoroscopia). Após o cateterismo, o local de entrada é comprimido para evitar sangramentos, e o paciente fica em observação por algumas horas.

É um exame de risco?

Segundo explica a CUF, "Não existem contraindicações absolutas à cateterização cardíaca, uma vez que o benefício esperado normalmente ultrapassa o risco envolvido. Contudo, existem algumas contraindicações relativas, como anemia grave, hipertensão grave, alergia ao contraste, infeção ativa, febre sem explicação ou lesão renal.

Também são necessárias cautelas em doentes de alto risco, como por exemplo pessoas com doença cerebrovascular ou doença pulmonar obstrutiva crónica."

Embora o cateterismo seja, em geral, seguro, existem alguns riscos associados, como sangramento, infecção, reações ao contraste, arritmias e, raramente, perfuração de vasos sanguíneos.

O cateterismo é uma ferramenta médica essencial para diagnóstico e tratamento, especialmente em casos de doenças cardiovasculares.

Porque é que André Ventura vai fazer um cateterismo se angiotac estava bem?

Tal como explicou Armindo Ribeiro, diretor do Serviço de Urgências do Hospital de Santiago do Cacém, André Ventura fez uma angiotac que não mostrou sinais visíveis de obstruções nas artérias do coração, contudo ainda assim pode haver indicação para se realizar um cateterismo cardíaco. Isso ocorre porque os dois exames têm naturezas diferentes e servem para responder a perguntas clínicas distintas.

A angiotac é um exame não invasivo que usa tomografia com contraste para visualizar as artérias coronárias. Muitas vezes usado para excluir doença coronária significativa em pacientes com risco baixo a moderado, mas com limitações. o cateterismo cardíaco é um exame invasivo e permite visualizar em tempo real o fluxo de sangue nas artérias, medir pressões e até fazer intervenções.

Existem diversas razões pelas quais se pode indicar um cateterismo mesmo com uma angiotac aparentemente normal. A principal é a persistência de sintomas típicos de angina (dor no peito, aperto, falta de ar ao esforço), o que pode indicar que uma doença não visível na angiotac, como problemas na microcirculação coronária ou espasmos coronários.

Pacientes com muitos fatores de risco cardiovascularescomo diabetes, hipertensão, colesterol elevado, tabagismo ou histórico familiar — podem ter doença coronária que não aparece bem na angiotac, especialmente se houver muita calcificação nas artérias, o que dificulta a leitura correta do exame.

Além disso, situações em que a angiotac tem limitações técnicas, como em pacientes com ritmo cardíaco irregular, obesidade, dificuldade em colaborar com o exame ou presença de stents/protéses que geram artefatos na imagem.

Que outros políticos já fizeram cateterismos?

Em outubro de 2019, Marcelo Rebelo de Sousa foi submetido a um cateterismo cardíaco no Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide. O procedimento revelou obstruções coronárias importantes, que foram tratadas com sucesso durante a mesma intervenção. O Presidente recuperou rapidamente e retomou as suas funções poucos dias depois.