A cimeira da ONU começou no domingo e teve nos dois primeiros dias as intervenções de chefes de Estado e de Governo de mais de uma centena de países, tendo o primeiro-ministro britânico e anfitrião do encontro, Boris Johnson, dito no final das intervenções de alto nível que estava “prudentemente otimista” quanto ao sucesso da cimeira, que pretende mais ambição na luta contra o aquecimento global.

Alok Sharma lembrou, numa conferência de imprensa em Glasgow, os compromissos assumidos na redução das emissões de gases com efeito de estufa ou na proteção das florestas, ou a parceria com a África do Sul para ajudar na redução de emissões de gases com efeito de estufa, que quer ver replicada nos próximos anos.

Mas lamentou que os países desenvolvidos não tenham ainda conseguido atingir o objetivo de disponibilizar 100 mil milhões de dólares por ano para apoiar os países menos desenvolvidos na luta contra as alterações climáticas.

Considerou que esse objetivo será alcançado em 2023, tendo em conta os progressos nesse sentido que serão feitos no próximo ano.

Patrícia Espinosa, secretária executiva da ONU para as alterações climáticas, que também participou na conferência de imprensa, afirmou-se igualmente convencida de que o valor dos 100 mil milhões será obtido no próximo ano, tendo salientando a importância do setor privado no financiamento da luta contra as alterações climáticas, que registou um grande progresso desde a última cimeira do clima, a COP25, em 2019 em Madrid.

As transformações da economia, que “sem dúvida têm de acontecer” incluem o setor privado. “Precisamos do setor privado para fazer esta profunda transformação”, disse.

Alok Sharma lembrou que as negociações técnicas vão decorrer até dia 12, refletindo a mesma atitude de mudança dos líderes mundiais, e que está a haver progressos significativos e que começam a surgir as primeiras propostas nas reuniões de negociação, pelo que está “cautelosamente otimista”, considerando que a cimeira não se está a desviar dos objetivos do Acordo de Paris, de 2015.

Na conferência de imprensa os dois responsáveis foram questionados sobre restrições de acesso de organizações não governamentais às negociações que estão a decorrer, tendo justificado essas restrições com a pandemia de covid-19. Ainda assim Alok Sharma defendeu uma COP26 inclusiva e transparente.

Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, ativistas e decisores públicos reúnem-se até 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, na 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26) para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.

A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta a entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.

Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.