Para Nuno Melo, "factos são factos: não houve intenção de apoucar mas sim de precaver uma situação de eventuais conflitos de interesses que pudesse ser mais tarde invocados como relevantes para o normal jogo político".
O eurodeputado centrista vê a questão de um modo muito claro: "Não tem que ver com o relacionamento entre a Comissão Europeia e um antigo presidente da Comissão Europeia, antes sim, da Comissão Europeia com alguém que atualmente desempenha funções no Goldman Sachs".
"Considero justificada, no contexto, a declaração do presidente Juncker, tendo em conta que se trata de Bruxelas, onde o 'lobbying ' é uma atividade altamente regulamentada, que abrange todos os aspetos da vida, dos quais a economia e as finanças não são exceção", salientou o eurodeputado, em declarações aos jornalistas.
Para Melo, a decisão de Juncker "é um exercício de transparência em relação a todos, tendo em conta as suas próprias funções, estivesse um no lugar de José Manuel Durão Barroso e não veria como problema que, tendo em conta a função em concreto, se quisesse acautelar essa transparência no relacionamento de alguém que foi presidente da Comissão Europeia com alguém que é presidente da Comissão Europeia".
O deputado ao Parlamento Europeu referiu ainda que "tendo em conta a importância da Goldman Sachs, a atividade a que se dedica, a incidência em relação a todos os países, o papel que ocupou na recente gestão da crise das dívidas soberanas, parece-me razoável que o presidente da Comissão Europeia tenha essa preocupação".
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, anunciou que vai examinar o contrato do seu antecessor com o GSI e deu já instruções ao seu gabinete para tratar Durão Barroso como qualquer outro lobista com ligações a Bruxelas.
Qualquer comissário europeu ou funcionário da UE que mantiver contactos com Durão Barroso será obrigado a inscrever esses contactos no registo de transparência e a manter notas sobre os mesmos.
Esta decisão de Juncker responde à provedora de justiça europeia, Emily O'Reilly, que na semana passada pediu esclarecimentos sobre a posição da Comissão Europeia face à nomeação de Durão Barroso para administrador não-executivo no GSI, sendo ainda consultor da empresa para o 'Brexit'.
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