Falando num almoço-debate promovido pelo Fórum para a Competitividade, em Lisboa, Nuno Melo defendeu “a revisão do Plano de Recuperação e Resiliência, que obviamente está desatualizado, está desajustado e tem de ser readaptado a um contexto que é de economia de guerra”.

Na ótica do líder do CDS-PP, este instrumento “tem que dedicar muitos mais recursos à iniciativa privada e tem que corrigir desequilíbrios atualmente existentes”, criticando que esteja neste momento “vocacionado em mais de dois terços para o setor público”.

Nesta iniciativa com empresários, o eurodeputado elencou que a “inflação disparou para 7,2% em abril, que é o valor mais alto dos últimos 30 anos” e “a inflação da produção industrial já superou em média os 21%”, enquanto “a energia e os combustíveis estão em valores proibitivos”.

E apontou que “a escalada” do preço da energia “está a ser insuportável”.

Neste sentido, Nuno Melo alertou que “muitas das empresas sem custos comportáveis dificilmente conseguem sobreviver, pagar salários, a par de todas as outras contribuições”.

“O que acontece neste momento em Portugal não pode deixar de preocupar muito”, considerou, defendendo que “se a tutela e as instituições europeias não tiverem uma intervenção com medidas que tenham impacto nesta realidade, obviamente que a incerteza não é boa no universo empresarial e muitas empresas ficarão por ventura pelo caminho”.

“No contexto de guerra, tem que haver um apoio relevante, temporário necessariamente, em relação aos custos de contexto – gás e eletricidade deste logo, mas também custos com matérias-primas – que permita a sobrevivência de empresas”, salientou.

O presidente do CDS-PP considerou que o que está previsto, “quer no Programa do Governo, quer na discussão orçamental, não parece que seja um pacote de ações, de medidas destinadas aos tempos difíceis, extraordinários” que se vivem.

Na sua intervenção neste debate promovido pelo Fórum para a Competitividade, Nuno Melo pediu “apoio ao reforço do tecido empresarial, nomeadamente das pequenas e médias empresas, através de medidas que podem ser fiscais ou não fiscais”, e defendeu “um sistema fiscal mais simples, mais previsível, atrativo das empresas e amigo dos contribuintes”.

Quanto à subida do preço da energia, Nuno Melo afirmou que a “Europa tem de ser realista” e, “se transição energética é importante, não pode ser neste momento uma questão dogmática”, pedindo “pragmatismo”.

“Nós não podemos ter uma visão dogmática da transição energética se pelo caminho o que tivermos como alternativa forem preços tais que levem a que a economia sofra um impacto que não consegue por ventura ultrapassar”, sustentou o deputado europeu.

O líder centrista dedicou a parte final da sua intervenção à situação interna do partido, reiterando que o “CDS não acabou” e que o “Largo do Caldas é a sede do CDS e para já continuará a ser”.