“Gostava de saber onde está a presidente do partido e o que está lá a fazer? Era bom que interviesse e pusesse ordem na casa e resolvesse estas coisas que estão a acontecer no partido”, afirmou à Lusa Abel Matos Santos, porta-voz da TEM.
E por “estas coisas” referia-se às polémicas em torno das contas e dívidas do partido, que levou a tendência a pedir uma reunião extraordinária do conselho nacional, ou ainda pelo atraso na refiliação do ex-líder Manuel Monteiro.
Abel Matos Santos disse ter recebido o contacto do secretário-geral do partido, Pedro Morais Soares, para “ir ver as contas” à sede nacional, mas afirmou que, “por uma questão de princípio”, não abdica da exigência de as contas serem apresentadas, “com detalhe e pormenor”, aos conselheiros nacionais.
Recordou, igualmente, que a tendência votou, nos últimos anos, contra as contas apresentadas pela falta de informação mais detalhada.
Já quanto à forma como a direção está a gerir a refiliação do antigo líder, pedida em setembro na concelhia de Póvoa de Varzim, que o secretário-geral remeteu para a liderança a sair do congresso de janeiro de 2020, Matos Santos recordou que outros ex-dirigentes que fundaram a Nova Democracia com Monteiro, como Vieira de Castro e Nuno Correia da Silva, “já voltaram ao CDS”.
Na sua edição de hoje, o Público noticiou a demissão de um membro do conselho de jurisdição nacional Pedro Melo por considerar "indigna de um partido democrática" a forma como o partido está a tratar a questão Monteiro.
À RTP, Diogo Feio, dirigente e diretor do gabinete de estudos do CDS, disse compreender o atraso da direção e contrariou os argumento do ex-líder para dizer que é ele que deve explicar porque quer voltar aos centristas, depois de ter saído para criar um partido, a Nova Democracia.
O pedido da TEM de realização de um conselho nacional é feito numa altura em que surgiram notícias sobre problemas financeiros, decorrentes da redução da subvenção estatal após as legislativas, e que levaram o partido a reduzir o quadro de pessoal e até preparar o encerramento de sedes do partido.
Na carta, a que a Lusa teve hoje acesso, o conselheiro nacional do TEM Mário Cunha Reis propõe ainda uma comissão para a reestruturação económica e financeira do CDS para rever remunerações, ajudas de custos, despesas, renegociar contratos de trabalho e a inventariação do património.
O grupo “Juntos pelo Futuro”, de Filipe Lobo d’Ávila, que também questionou o secretário-geral do CDS, afirmou estar “mais tranquilo” sobre a situação financeira do partido, depois de uma reunião com Pedro Morais Soares.
Em 24 de outubro, o Jornal Económico noticiou que a direção do CDS vai dispensar parte das pessoas que trabalhavam no grupo parlamentar, reduzindo ordenados a quem fica, devido à quebra de deputados e à redução no valor da subvenção estatal, preparando-se igualmente para encerrar duas sedes concelhias.
Segundo o jornal, está em causa a redução da subvenção estatal e das comparticipações financeiras do Estado ao partido, a que se junta um saldo negativo nas contas do ano passado”, e uma fonte do partido citada pelo jornal admitiu que as dívidas podem ser de “perto dos dois milhões de euros” em 2019.
Assunção Cristas anunciou a saída do cargo de presidente do CDS em 06 de outubro, na noite das legislativas em que o partido passou de 18 para cinco deputados, com 4,4% dos votos.
O congresso para eleger uma nova liderança do partido está agendado para 25 e 26 janeiro de 2020, em Aveiro.
Até ao momento, há um candidato declarado, Abel Matos Santos, da Tendência Esperança em Movimento (TEM), do CDS, e três potenciais candidatos “em reflexão” – Filipe Lobo d´Ávila, do “Juntos pelo Futuro”, João Almeida, deputado e porta-voz do partido com anterior liderança, e o líder da Juventude Popular (JP), Francisco Rodrigues dos Santos.
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