Concentrados em frente à sede do Governo, na capital arménia, manifestantes gritaram “Nikol, traidor!”, “Nikol, demite-te!” e “Artsakh! Artsakh” (nome dado pelos arménios ao Nagorno-Karabakh), relatou a agência de notícias francesa AFP.
Perante as várias centenas de manifestantes, a polícia isolou as entradas do edifício do Governo, registando-se confrontos com os manifestantes, segundo imagens da imprensa arménia.
O cordão policial, que foi alvo de arremesso de garrafas, resistiu ao fim da tarde a uma multidão de manifestantes que o pressionava para entrar no edifício.
Os protestos tinham sido convocados pelos partidos da oposição.
Por outro lado, dezenas de manifestantes arménios concentraram-se hoje em frente à embaixada russa em Erevan, na terça-feira, para denunciar o fracasso da Rússia em impedir a ofensiva armada do Azerbaijão em Nagorno-Karabakh, uma região disputada pela Arménia e pelo Azerbaijão, relatou a AFP.
“Eles [os russos] não querem defender Artsakh”, disse um dos manifestantes à AFP, sem querer ser identificado.
O primeiro-ministro arménio, Nikol Pashinyan, tinha denunciado, antes, alegados apelos para “um golpe de Estado” no seu país, na sequência do lançamento de uma ofensiva azeri na região de Nagorno-Karabakh, disputada pelos dois países.
“Não podemos permitir que certas pessoas, certas forças, deem um golpe de Estado contra o Estado arménio. Já existem apelos de vários quadrantes para a realização de um golpe de Estado na Arménia”, afirmou o chefe do Governo, numa alocução à nação.
A oposição arménia fez várias tentativas nos últimos três anos para afastar Pashinyan do poder, acusando-o de ser responsável pela derrota militar da Arménia na guerra do outono de 2020 em Nagorno-Karabakh.
Na sequência desta derrota, eclodiram manifestações na Arménia, que acabaram por levar Pashinyan a convocar eleições antecipadas.
O próprio primeiro-ministro chegou ao poder na sequência de um movimento de protesto em 2018.
Baku anunciou uma operação militar no enclave devido à morte de quatro políticas e dois civis azeris numa explosão de minas, que atribuiu a separatistas arménios.
As forças de manutenção da paz russas estão destacadas em Nagorno-Karabakh no âmbito de um cessar-fogo negociado por Moscovo, um aliado tradicional da Arménia, para pôr fim ao anterior conflito na região em 2020.
A Rússia apelou já para a contenção e disse que foi informada do início da operação “alguns minutos” antes, depois de Baku ter anunciado que avisou as forças russas.
Depois de ter lançado a operação militar, o Azerbaijão exigiu a retirada “incondicional e total” da Arménia de Nagorno-Karabakh e a dissolução do “chamado regime separatista” para alcançar a paz na região azeri.
Nagorno-Karabakh, uma região montanhosa do Azerbaijão de maioria arménia, declarou a independência de Baku na sequência da desintegração da União Soviética, em 1991.
A declaração da independência desencadeou um conflito armado de que saíram vencedores os separatistas apoiados pela Arménia.
Trinta anos mais tarde, no outono de 2020, as forças armadas do Azerbaijão reconquistaram dois terços do território, situado no sul do Cáucaso.
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