Segundo explicou à Lusa o vice-presidente da Fundação Champalimaud, João Silveira Botelho, o centro terá capacidade para operar 10 doentes por dia, com três salas de cirurgia equipadas com avançada tecnologia, 25 quartos de internamento e 15 de cuidados intensivos.

O responsável disse ainda que, no primeiro edifício, a fundação tinha já iniciado um programa de cancro do pâncreas, mas, em conjunto com a família Botton (que contribuiu com 50 milhões de euros), decidiu levar este programa “a um outro nível”, com o primeiro centro do género no mundo exclusivamente dedicado a esta doença.

“O cancro do pâncreas é um dos cancros mais ascendentes, (...) cada vez há maior número de casos, é dos mais letais e, portanto, dos mais difíceis e aquele onde ainda é preciso descobrir muito para podermos ter resultados satisfatórios na cura e na sobrevida”, considerou João Silveira Botelho, sublinhando que o progresso em tratamento e cura desta doença nos últimos 50 anos “foi marginal”.

“Nós temos a esperança e temos o propósito de podermos contribuir de uma forma decisiva para inverter este estado de coisas”, afirmou.

O vice-presidente da Fundação Champalimaud lembrou ainda a preocupação do centro em “fazer um triângulo entre a investigação, a [prática] clínica e o doente”.

“O doente é uma peça essencial neste centro, queremos que seja um parceiro nisto. Por isso, tivemos também aqui uma preocupação, quer do ponto de vista da arquitetura, quer do ponto de vista da comodidade. Queremos que ele tenha a resistência, até do ponto de vista psicológico, para lidar com uma doença destas”, frisou.

Na área da investigação, o Centro de Cancro do Pâncreas Botton-Champalimaud vai ter cerca de 200 investigadores e dois laboratórios, um de ciência básica e outro de manipulação celular.

“Vamos ter neste novo centro cerca de 120 investigadores básicos e 80 investigadores clínicos e dois tipos de laboratórios: um de ciência básica e um laboratório clínico de manipulação celular, mais avançado, tendo em vista a retirada de células dos pacientes, a sua transformação e reinserção no próprio paciente [imunoterapia]”, explicou.

De acordo com o responsável, são estas células que “funcionarão como medicamento para o tratamento do cancro do pâncreas”.

“Estes ensaios faremos em colaboração com o National Institute of Health (NIH), nos Estados Unidos, que começou já a desenvolver também este tipo de terapia celular e, portanto, temos uma correlação muito próxima com eles no sentido de utilizarmos os mesmos tipos de protocolo e fazemos aqui uma terapia celular que, numa primeira fase, vai ter quase uma terapia celular conjunta”, acrescentou.

O centro dará atenção especial ao estudo do perfil imunológico dos tumores do pâncreas e ao desenvolvimento de tratamentos inovadores nesta área e pretende, segundo a fundação, “investir especialmente no desenvolvimento de ensaios clínicos com novos medicamentos de imunoterapia e em vacinas anti-tumorais personalizadas”.

No total, em diversas modalidades, o centro clínico da Fundação Champalimaud, em Algés (Lisboa), trata cerca de 900 doentes/dia.

Quanto ao cancro do pâncreas, um dos mais letais e que em 80% dos casos é diagnosticado já numa fase avançada, recebe atualmente cerca de 140 doentes/ano, uma capacidade que agora é aumentada com o novo centro dedicado em exclusivo a esta doença.

A Fundação trata por ano cerca de 15 a 20 doentes que são enviados diretamente pelo Serviço Nacional de Saúde. Os restantes têm outros subsistemas de saúde ou seguros de saúde.

Além disso, segundo explicou o vice-presidente da instituição, há doentes do serviço público seguidos, por exemplo, em hospitais como o do Barreiro, Setúbal, Évora ou Garcia de Orta (Almada), que acabam por fazer alguns exames de diagnóstico na fundação, designadamente nas áreas da imagiologia e medicina nuclear, na sequência de concursos públicos a que a fundação concorre.

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