“A solidariedade ativa é feita junto do sindicato mas também junto do Governo, exigindo a intervenção do Executivo — para resolver este problema — e para ver com as empresas como é que vão resolver a situação que está aqui a acontecer”, disse à Lusa a secretária-geral da CGTP.
Isabel Camarinha, assinalou a primeira “ação de rua” como dirigente da central sindical, no piquete de greve dos estivadores do porto de Lisboa que se mantém no Terminal de Alcântara.
A paralisação foi convocada pelo Sindicato dos Estivadores e da Atividade Logística que exige, entre outros pontos, o cumprimento dos acordos e o pagamento de salários em atraso.
“Estamos a demonstrar a nossa solidariedade mas também a transmitir que estamos disponíveis para ações que exijam, de facto, a resolução deste problema gravíssimo que está a acontecer no porto de Lisboa com as empresas de estiva: o não cumprimento dos acordos que foram feitos pelo sindicato, salários em atraso e as tentativas de regresso ao vínculo precário”, sublinhou Isabel Camarinha.
A secretária-geral da CGTP defende igualmente a intervenção da Câmara Municipal de Lisboa porque, afirmou, “o porto de Lisboa faz parte da cidade”.
António Mariano, presidente do Sindicato dos Estivadores e da Atividade Logística disse que “neste momento” a greve é parcial, para um grupo de empresas (cumprindo os serviços mínimos), acrescentando que “vai ser total” no dia 09 de março.
“Estamos no oitavo dia de greve, as empresas pagaram-nos 390 euros mas os trabalhadores estão firmes neste processo. Há 18 meses que os estivadores não recebem o salário a tempo e horas sendo que o acordo de 2018 não foi cumprido, sobre a atualização salarial, para os 350 trabalhadores do porto de Lisboa”, disse António Mariano.
Presente no piquete de greve esteve também o deputado José Soeiro do Bloco de Esquerda que recordou aos trabalhadores em greve que o partido tomou uma iniciativa parlamentar, junto da Comissão de Trabalho, porque “o Governo tem a obrigação de intervir neste conflito”.
“O que está a aqui acontecer é gravíssimo: um grupo empresarial turco está a tentar rebentar a empresa de trabalho portuário para abrir uma outra empresa ao lado, despedindo os trabalhadores com a ameaça de insolvência que foi provocada pelas próprias empresas”, disse à Lusa José Soeiro.
Na quarta-feira, a organização mundial de estivadores exigiu ao Governo que “atue de imediato para repor a legalidade dos acordos em vigor e force os patrões portuários a pagarem os salários em atraso aos estivadores de Lisboa”.
A tomada de posição do International Dockworkers Council (IDC) surge na sequência do pedido de insolvência da Associação – Empresa de Trabalho Portuário de Lisboa (A-ETPL), empresa de cedência de mão-de-obra a sete empresas de estiva do Porto de Lisboa, que foi anunciado no passado dia 20 de fevereiro, um dia depois de os estivadores do porto de Lisboa terem iniciado a greve de três semanas.
Solidário com os estivadores do porto de Lisboa, que protestam contra os salários em atraso e o incumprimento dos acordos celebrados por parte da A-ETPL, o IDC adverte que os estivadores de centenas de portos de todo o mundo poderão vir a desenvolver ações de solidariedade para com os trabalhadores do porto de Lisboa.
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