“A decisão foi aprovada” pela câmara municipal, confirmou Alessandra Buoso, autarca da localidade italiana de 4.000 habitantes e membro de A Liga, partido da extrema-direita de Itália liderado por Matteo Salvini, citada pela agência France-Presse.
A decisão foi imediatamente criticada, num momento em que Jair Bolsonaro acaba de ser acusado por uma comissão parlamentar de inquérito do Senado brasileiro de ter “deliberadamente exposto” os brasileiros à “contaminação em massa” pelo seu negacionismo em relação à gravidade da pandemia de covid-19.
“Bolsonaro liderou uma política anti-covid-19 baseada no negacionismo e contra a vacina, que levou a milhares de mortes”, denunciou Arturo Lorenzoni, porta-voz da oposição no Conselho Regional de Veneto, uma região governada pel’A Liga.
Questionada por telefone pela agência noticiosa, a autarca de Anguillara Veneta tentou defender a sua decisão, explicando que “a cidadania honorária foi concedida às pessoas que ele [Bolsonaro] representa e não a ele como pessoa”.
“A cidadania honorária visa recompensar o acolhimento que os migrantes de Anguillara Veneta têm recebido no Brasil”, argumentou a autarca.
Oprimidos pela pobreza, cerca de mil habitantes desta comuna italiana emigraram para o Brasil no final do século XIX, entre eles os antepassados do Presidente brasileiro, que deixaram aquela região de Itália em 1888.
De acordo com o relatório final da comissão parlamentar de inquérito do Senado brasileiro, apresentado na semana passada e que deverá ser hoje votado, Bolsonaro foi “o principal responsável pelos erros do Governo durante a pandemia” que matou mais de 600 mil pessoas no país lusófono.
Entre “crimes contra a humanidade”, pelos quais Bolsonaro pode ser julgado no Tribunal Penal Internacional de Haia, o relator da investigação, senador Renan Calheiros, totalizou nove crimes contra o chefe de Estado, que vão de “charlatanismo” a “incitação ao crime”, passando por “infração a medidas sanitárias preventivas” e “prevaricação”.
Jair Bolsonaro é esperado em Itália para a cimeira do G20 que será realizada no fim de semana em Roma. O chefe de Estado poderá assim deslocar-se posteriormente à terra dos seus ancestrais, numa visita que ainda não está confirmada até ao momento.
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