Depois do anúncio, por parte do cientista chinês He Jiankui, de que tinham sido criados os primeiros bebés geneticamente modificados da história, foram várias as críticas que surgiram por parte da comunidade científica internacional.
A Sociedade Chinesa de Biologia Celular, em comunicado na terça-feira, condenou veementemente qualquer pedido de modificação de genes em embriões humanos para fins reprodutivos e considerou o ato como sendo contra a lei e a ética médica da China. Cientistas chineses consideraram o ato como uma "loucura" e admitiram ter sido aberta "a caixa de Pandora".
Também o governo chinês denunciou o trabalho do cientista, e um hospital ligado à sua investigação afirmou que a aprovação ética foi desrespeitada. O grupo Shenzhen Harmonicare Medical Holdings Limited — alegadamente envolvido nos ensaios clínicos — afirmou que nunca participou em nenhum procedimento relacionado com os bebés e adiantou que as candidaturas divulgadas online são falsas.
Mas He Jiankui deu continuidade ao seu projeto e esta quarta-feira, quando confrontado com a situação, no âmbito de uma conferência médica, admitiu estar "orgulhoso" do seu trabalho e adiantou que há uma "potencial gravidez", ainda numa fase preliminar, de uma voluntária que faz parte da investigação.
De acordo com a Reuters, He Jiankui respondeu "sim" quando questionado sobre uma nova gravidez, de âmbito químico, ou seja, com existência de modificações genéticas.
Na conferência médica desta quarta-feira, He Jiankui explicou que oito casais — todos formados por um pai seropositivo e uma mãe seronegativa — se apresentaram de modo voluntário para os testes, tendo um deles, entretanto, desistido do procedimento.
O professor associado da Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul, em Shenzhen, revelou que o estudo foi "submetido a uma revista científica para revisão" e admitiu que a sua universidade não tinha conhecimento do projeto.
O moderador da conferência, Robin Lovell-Badge, disse que os organizadores da mesma não sabiam da existência desta investigação até ter saído nas notícias.
He Jiankui disse ainda que o trabalho realizado nos últimos três anos era autofinanciado (ou seja, o próprio suportava os custos), dissipando as dúvidas sobre se o estudo teria tido o conhecimento da universidade, sendo mantido em sigilo para o resto da comunidade.
A revelação foi feita na segunda-feira pelo próprio cientista em Hong Kong. He Jiankui disse ter criado os primeiros bebés geneticamente manipulados do mundo, com tecnologia conhecida como CRISPR-Cas9, que permite 'cortar e colar' ADN, aumentando a esperança de correções genéticas para doenças como a SIDA. Uma tecnologia que o cientista admite ser capaz de reescrever o 'mapa da vida' mas que levanta preocupações éticas e de segurança.
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