A situação de impasse e paralisia, com os plenários suspensos, foi descrita à agência noticiosa Efe pelo comissário europeu com o pelouro da Ação para o Clima, Miguel Arias Canete, que especificou que “nações que não tinham colocado qualquer objeção nem durante a preparação desta cimeira nem durante a mesma, estão a colocá-las agora, na esperança de conseguir resultados para os seus países”.
Tanto o comissário, como outras fontes da negociação consultadas pela Efe, asseguraram que os Estados que estão a levantar objeções são os chamados “Países em Desenvolvimento com a Mesma Visão”, entre os quais estão China, Índia, Cuba, Arábia Saudita, Venezuela, Bolívia e Nicarágua.
Os representantes destes governos querem “desvirtuar” um artigo do Acordo de Paris, denominado Diálogo Facilitador, ou de Talanoa, mediante o qual se tinham comprometido a rever a ambição dos seus compromissos climáticos nacionais para 2018 com a melhor ciência disponível, para o que tinha sido encomendado um relatório especial ao Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em Inglês).
O objetivo deste diálogo é comprovar se os compromissos assumidos pelos Estados na Cimeira do Clima, em Paris, estão conformes com o objetivo de manter o aumento da temperatura média global abaixo dos 1,5 graus centígrados (ºC).
“Alguns desses países não querem que haja referência ao objetivo dos 1,5ºC no diálogo, nem considerar o relatório científico do IPCC sobre os impactos de uma subida da temperatura desta magnitude, nem tão pouco querem que os agentes económicos e sociais participem no diálogo”, acrescentou Arias Canete.
Não obstante, adiantou, o principal escolho reside na China que, mais do que rever os compromissos de Paris, que são para vigorar a partir de 2020, pretende rever os compromissos dos países ricos até essa data no contexto do da segunda fase do Protocolo de Quioto, algo completamente distinto do que está no Acordo de Paris.
Nesta linha, o comissário convocou uma reunião urgente da “Coligação para a Grande Ambição”, integrada pelos países que querem avançar no combate às alterações climáticas, para as 19:00 horas (18:00 de Lisboa), em que se decidiu fazer uma declaração a favor da Presidência da COP23, exercida pelo Estado insular das Fiji, para “defender que este diálogo continua a ter o alcance, a ambição e o conteúdo” previsto no Acordo de Paris.
Mas o bloqueio continua e os participantes já admitem que a reunião se prolongue até sábado.
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