
Dezenas de milhares de pessoas reuniram-se nos arredores de Beirute neste domingo para prestar a última homenagem ao líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, morto num ataque aéreo israelita em 27 de setembro de 2024. O funeral oficial foi adiado para permitir a retirada das forças israelitas do sul do Líbano, conforme estipulado no cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos, que pôs fim à guerra do ano passado.
O Estádio Camille Chamoun Sports City, com 55.000 lugares e localizado nos subúrbios do sul de Beirute, foi o local escolhido para a cerimónia de homenagem. As fotografias mostram o local praticamente cheio horas antes do início da cerimónia.
Exibindo fotografias de Nasrallah e bandeiras do Hezbollah, milhares de pessoas juntaram-se para um funeral em massa. A cerimónia também incluiu Hashem Safieddine, que liderou o Hezbollah durante uma semana após a morte de Nasrallah, mas foi morto num ataque israelita antes mesmo de ser oficialmente anunciado como sucessor.
Após a sua morte, Nasrallah foi enterrado temporariamente ao lado do filho, Hadi, que morreu a combater pelo Hezbollah em 1997.

Aeroporto encerrado durante quatro horas
Enquanto decorrem as cerimónias de homenagem, o aeroporto de Beirute vai ficar encerrado durante quatro horas, segundo anunciou a aviação civil libanesa.
“O aeroporto permanecerá encerrado” a todos os movimentos entre as 12:00 (10:00 de Lisboa) e as 16:00 (14:00 de Lisboa), detalharam as autoridades em comunicado.
O atual líder do grupo xiita libanês Hezbollah, Naim Qassem, apelou para uma "participação massiva" nas cerimónias.
Após o discurso de Naim Qassem terá lugar um cortejo numa cerimónia que contará com a presença de representantes de 79 países, segundo o Hezbollah.
O Irão fez saber que estará representado a “alto nível” no funeral. “Participaremos nesta cerimónia em alto nível”, disse na segunda-feira, 17 de fevereiro, o porta-voz diplomático iraniano, Esmail Baghai, sem especificar quem representaria o país.
Espera-se também a presença de uma delegação iraquiana composta por políticos xiitas e comandantes de milícias, bem como de uma delegação dos Huthis do Iémen.
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Demonstração de força
O funeral em massa é também uma demonstração de força, após o Hezbollah ter saído enfraquecido da guerra do ano passado com Israel, que resultou na morte da maior parte da sua liderança, de milhares de combatentes e na destruição significativa do sul do Líbano.
Um acordo de cessar-fogo alcançado em 27 de novembro pôs fim a dois meses de guerra entre Israel e o Hezbollah.
Embora Israel tenha retirado a maior parte das suas tropas do sul do Líbano, mantém ainda cinco posições estratégicas em colinas da região. No domingo, realizou novos ataques aéreos no sul do Líbano, alegando ter identificado atividade do Hezbollah na área.
Nasrallah será enterrado nos arredores de Beirute, "em terra (...) entre as antigas e novas estradas do aeroporto", enquanto Safieddine será enterrado na sua cidade natal, Deir Qanoun, no sul do Líbano, segundo informou Qassem.
O Hezbollah, fundado na década de 1980 no Líbano, na sequência da Revolução Islâmica no Irão, é um partido político xiita que possui um braço armado.
O movimento é apoiado financeira e militarmente por Teerão e, tal como os líderes iranianos, tem Israel como inimigo.
Hassan Nasrallah foi uma figura emblemática do Hezbollah durante 32 anos e sob a sua liderança, o arsenal militar do grupo cresceu consideravelmente, bem como a sua influência regional, nomeadamente através da intervenção no conflito na vizinha Síria para apoiar o antigo regime de Bashar al-Assad.
*Com Lusa e AFP
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