"Estou tentando mostrar ao pobre brasileiro essa polarização odienta, que eu não ajudei a construir. Pelo contrário, eu estava lá em 2018, tentando advertir que as pessoas não podiam usar a promessa enganosa do Bolsonaro para repudiar a corrupção generalizada e o colapso económico gravíssimo que foram produzidos pelo PT [Partido dos Trabalhadores]”, disse Gomes, ao classificar a polarização entre os líderes das sondagens das presidenciais como um problema que precisa ser superado, numa entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, na terça-feira.
“Minha tarefa é projetar o Brasil para os próximos 30 anos num Portugal sobre direitos Humanos (…) Quero, em 30 anos, que o Brasil vire um Portugal em qualidade de vida”, acrescentou.
O candidato do Partido Democrático Trabalhista (PDT) avaliou que a crise económica do Brasil, onde atualmente existem cerca de 33 milhões de pessoas a passar fome e outros 120 milhões com algum grau de insegurança alimentar, além de uma taxa de desemprego acima dos 10%, foi provocada por um projeto fracassado de governança baseado em alianças políticas de presidentes de partidos de centro-direita que apoiam todos os governos desde a redemocratização e prometeu romper este ciclo que impede o desenvolvimento do país.
Ao ser questionado sobre como vai concretizar as promessas de campanha, como, por exemplo, um salário mínimo de mil reais (cerca de 197 euros) para todos os brasileiros sem o apoio maioritário no Congresso, já que o PDT não conseguiu formar alianças com outros partidos para esta candidatura, Gomes disse que fará acordos com prefeitos e governadores regionais para renegociar a dívida destes órgãos da federação brasileira com o Governo central e também convocará plebiscitos populares para implantar projetos e reformas que não conseguir aprovar no Congresso.
"Minha proposta é transformar a minha eleição não num voto pessoal, mas num plebiscito programático", afirmou Gomes.
Numa entrevista de 40 minutos, o candidato do PDT, que já foi governador do estado do Ceará e concorre à Presidência brasileira pela quarta vez, fez duras críticas ao "centrão" [nome dado aos partidos de centro direita com maioria no Congresso brasileiro], e disse que abrirá mão da reeleição, caso seja eleito, para facilitar negociações políticas e provocar a renovação de poder.
Em terceiro lugar na última sondagem DataFolha, com 7% das intenções de voto, o candidato do PDT atacou várias vezes a polarização entre o antigo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o atual chefe de Estado, Jair Bolsonaro, numa entrevista que decorreu num ambiente mais ameno do que a de Bolsonaro na véspera.
"Você que vota no Bolsonaro porque não quer o Lula de volta, me dá uma chance. Você que vota no Lula porque não quer mais o Bolsonaro, há um país para governar, me dê uma oportunidade. E você indeciso, sabe quantos são vocês? Mais da metade da população. Está na mão de vocês mudar o Brasil", concluiu.
A eleição presidencial no Brasil tem a primeira volta marcada para 02 de outubro e a segunda volta, caso seja necessária, no dia 30 do mesmo mês.
Ao todo, 12 candidatos disputam as presidenciais: Jair Bolsonaro, Luiz Inácio Lula da Silva, Ciro Gomes, Simone Tebet, Luís Felipe D’Ávila, Soraya Tronicke, Roberto Jefferson, Pablo Marçal, Eymael, Leonardo Pericles, Sofia Manzano e Vera Lúcia.
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