“Coimbra hoje fica mais rica, porque não perde um espólio extraordinário que um dia podia ir parar a outro lado qualquer e fica mais rica porque ganha um espaço que vai ter uma nova dinâmica e perpetuar um dos grandes nomes de Coimbra: um dos seus grandes cientistas”, afirmou o presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva.
Durante a sessão de assinatura do protocolo de colaboração para instalação da Biblioteca Carlos Fiolhais na Antiga Estação Elevatória do Parque, que decorreu durante a tarde de hoje, o autarca sublinhou que este espaço servirá para imortalizar, em vida, o nome de um grande físico da cidade.
“Este espaço vai ganhar uma nova vida, uma nova missão. Vamos enriquecer Coimbra com uma nova biblioteca, que vai fazer parte da Biblioteca Municipal, com a colaboração das Águas de Coimbra, num local que vai ser reconstruído sem perder a sua memória, por um grande arquiteto de Coimbra: João Mendes Ribeiro”, indicou.
No final de abril, a Câmara de Coimbra aprovou a doação de mais de 40 mil itens, entre livros, revistas, CD, DV e outros documentos do físico e professor catedrático da Universidade de Coimbra Carlos Fiolhais à autarquia, tendo como destino a criação de uma biblioteca com o nome do também ensaísta, num espaço da Águas de Coimbra.
Para tal, a Antiga Estação Elevatória do Parque, espaço da Águas de Coimbra, vai ser preparada para acolher parte do vasto espólio do antigo diretor da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, num investimento que ronda os 100 mil euros.
As obras de adaptação terão a duração de alguns meses e preveem a colocação de várias estantes num piso superior e uma estante suspensa no piso inferior, onde a água costuma chegar quando há cheias.
“Não imagino nada melhor que a cultura, a partilha, um espaço aberto, de convívio, troca de ideias, leitura e meditação neste local privilegiado, ao pé do extraordinário rio Mondego”, frisou José Manuel Silva.
Carlos Fiolhais evidenciou que a nova biblioteca, que “Coimbra terá dentro de poucos meses”, será também “um sítio de arte, numa terra de grandes artistas”.
“Este é um espaço que vai ser de cultura, não apenas de literatura, mas de outras manifestações de arte. Vai continuar a haver aqui exposições, oficinas e conversas: será um espaço cultural aberto”, sustentou.
Nesta ocasião, informou ainda que já começou a dar livros, maioritariamente sobre as temáticas da água e ambiente, sobre Coimbra e ainda sobre a história do livro e das bibliotecas.
“Apesar de ser um sítio com livros de papel, vai também ser um sítio moderno, com tecnologias e sítio virtual, de onde se podem fazer ‘podcasts’ para a cidade e para o mundo. Simbolicamente o número um desta biblioteca será o meu livro ‘Toda a Física Divertida’, o meu mais recente”, apontou.
Sobre o espólio que está a doar, Carlos Fiolhais esclareceu que é “toda a sua biblioteca” e que o faz “com todo o gosto”.
“A doação destes materiais, a que estou ligado, dou para ser de todos. Estou a dar, deixa de ser meu, mas quero que continue a ser meu, sendo de todos”, justificou.
Até ao momento já foram doados mais de cinco mil itens, ou seja, mais de 10% do espólio que conta entregar sucessivamente, “à medida que o espaço se consolide”.
A Biblioteca Carlos Fiolhais terá cerca de 20 mil euros por ano para programação, num espaço cujo projeto cultural, que vai privilegiar o cruzamento entre arte, ciência e tecnologia, vai contar com a colaboração do físico.
O físico Carlos Fiolhais, “um dos cientistas portugueses mais citados do mundo” foi agraciado, no início do mês, com a Medalha de Ouro da Cidade de Coimbra.
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