Quatro pessoas morreram num acidente ferroviário com um comboio luso-espanhol na Galiza. Entre as vítimas mortais está o maquinista de 45 anos e com 22 anos de experiência ao serviço da CP. O descarrilamento do comboio de passageiros "Celta" de origem espanhola e com serviço alugado à CP, deu-se numa reta junto à estação de O Porriño. O comboio tinha 65 passageiros a bordo, incluindo o maquinista e o revisor.
O Presidente da Comunidade Autónoma da Galiza, Alberto Núnez Feijóo, diz que as outras vítimas mortais são o revisor, um passageiro cujas manobras de reanimação não corram com êxito, o maquinista e uma pessoa que ficou encarcerada no interior do comboio. Duas vítimas mortais são de nacionalidade espanhola, ambos funcionários da Renfe, morreu também um português e um norte-americano.
48 pessoas feridas foram transferidas para os hospitais da zona: 20 para o Hospital Álvaro Cunqueiro, 14 para o Hospital Povisa, nove para o Hospital de Nossa Senhora de Fátima, todos eles em Vigo, e quatro para o centro de saúde de Porriño. Grande parte dos feridos já teve alta.
O vice-cônsul de Portugal na Galiza, Manuel Correia da Silva, adiantou que uma mulher portuguesa estava entre os feridos graves, mas que entretanto já recebeu alta.
Foi montada uma enfermaria de campanha na cafetaria da estação onde foram assistidos os feridos ligeiros.
O comboio que fazia a ligação entre Vigo, na Galiza, e o Porto descarrilou ao início desta manhã, às 9h23 (hora local) a 200 metros da estação de O Porriño, a 15km de Vigo. O acidente aconteceu nas proximidades da estação local, numa reta com acentuado desnível.
Um maquinista da CP, em declarações à SIC Notícias, diz que aquela zona é limitada a 120km/h.
A zona do acidente é marcada por uma bifurcação de linhas. Testemunhas que seguiam a bordo do comboio dizem que o comboio circulava a grande velocidade.
O acidente deveu-se à saída dos carris da primeira carruagem e a maioria dos passageiros conseguiu sair do comboio pelo seu próprio pé. Os serviços de emergência prestaram assistência no local.
O presidente da Comunidade Autónoma da Galiza, Alberto Núnez Feijóo, em declarações aos jornalistas disse que o Rei Felipe VI de Espanha lhe tinha ligado para transmitir as condolências. Perguntou também se existiam vítimas portuguesas envolvidas no acidente e deixou uma mensagem de condolências ao povo português e a todos os familiares envolvidos.
A Presidente da Câmara de O Porrinõ, Eva García de la Torre, confirmou à rádio Cadena Ser que o comboio chocou contra a base de uma ponte e de seguida numa catenária. Esta é uma "zona onde não existe má visibilidade", nas palavras de Eva García.
O comboio é parte do material circulante da Renfe, mas é operado pela CP. O maquinista era português. O Serviço Celta é realizado nos moldes atuais desde 2013, numa parceria da CP e da Renfe, a congénere espanhola. Opera entre Porto e Vigo, com paragens nas localidades de Nine, Viana do Castelo e Valença. Diariamente existem dois comboios em cada sentido.
O comboio acidentado tinha saído de Vigo às 9h02 (hora local) e tinha hora prevista de chegada ao Porto às 10h18 (hora de Portugal continental).
Marcou presença no terreno um grupo de intervenção psicológica em catástrofes e emergências, que está a colaborar com a Cruz Vermelha.
Foram deslocados para o local dois helicópteros, três ambulâncias com unidades avançadas de suporte vital, sete ambulâncias de suporte básico de vida, três ambulâncias de suporte vital básico em apoio, uma ambulância de transporte coletivo e um veículo de apoio logístico.
O ministro interino do Fomento espanhol, Rafael Catála Polo, está no local do acidente.
O ministro português das infraestruturas, Pedro Marques, falou ao país pouco depois das 13h10, a partir do Porto, e garantiu a propriedade espanhola do comboio, ao contrário daquilo que afirmado pela companhia Renfe, que em comunicado diz que o comboio é português. "O comboio está com as revisões em dia e a responsabilidade dessas mesmas revisões é da Renfe", garante Pedro Marques, apesar de estar alugado à empresa portuguesa.
As autoridades portuguesas estão em articulação com as autoridades espanholas, nas palavras do ministro das infraestruturas. O Governo de Portugal já ofereceu a Espanha apoio das Infraestruturas de Portugal do Gabinete de Investigação de Segurança de Acidentes Ferroviários para ajudar no apuramento das causas do acidente que vitimou quatro pessoas.
Segundo o ministro interino do Fomento espanhol, Rafael Catála Polo, a última revisão da composição acidentada foi em maio deste ano.
O Presidente da CP, Manuel Queiró, está no local do incidente e reuniu com as autoridades espanholas. No final da reunião desmentiu o ministro português ao dizer que "o comboio não é português nem espanhol, o comboio é luso-espanhol" e agradeceu o apoio das autoridades galegas e espanholas.
A empresa responsável pela gestão ferroviária espanhola, ADIF, informou que "está interrompida a circulação ferroviária entre as estações de Ourense e Redondela.", na linha entre Portugal e Tui. A ADIF já abriu um inquérito ao acidente.
Sob a tutela do Ministério do Fomento espanhol existe uma entidade que faz investigação de acidentes ferroviários denominada Comissão de Investigação de Acidentes Ferroviários (CIAF). O homólogo português do CIAF é o Gabinete de Investigação e Segurança de Acidentes Ferroviários (GISAF), que opera sob a tutela do Ministério da Economia.
A CP já lamentou o incidente através do Twitter da espanhola Renfe. E lançou um número de telefone para apoio aos familiares: 211 023 027.
A automotora tem origem espanhola. A composição a diesel é da série 592 da Renfe, e estava alugada à CP para realizar este serviço. Os comboios da Série 592 foram fabricados entre 1981 e 1984 e têm uma velocidade máxima na volta dos 140km/h em serviços deste género. Existem 70 exemplares desta série de comboios que tem capacidade para cerca de 200 passageiros. Este tipo de automotoras também circula na linha do Douro, para além da Linha do Minho onde o serviço Celta faz o percurso em território português.
A operadora ferroviária em Espanha, a Renfe, e a operadora de infraestruturas ferroviárias, e a ADIF, deixaram mensagens de condolências aos familiares das vítimas do acidente.
Como consequência do acidente, o candidato do Partido Popular e presidente da Comunidade Autónoma da Galiza, Alberto Núnez Feijóo, suspendeu a campanha eleitoral para as eleições autonómicas, em acordo com o PSOE, Partido Socialista Operário Espanhol.
Também a Comunidade Autónoma da Galiza suspendeu os atos públicos de hoje na consequência deste acidente.
Em 2015, o Comboio Celta transportou 72300 pessoas entre o norte do país e a Galiza.
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