“Precisamos de passar daquilo a que alguns chamam uma abordagem incremental para aumentar as nossas capacidades de defesa para uma abordagem ‘big bang’, para sermos capazes de responder a uma possível agressão russa”, sublinhou o antigo primeiro-ministro lituano numa entrevista à agência francesa AFP.
O comissário europeu alertou para a necessidade imperiosa desta mudança de abordagem, dada a ameaça crescente da Rússia.
“A Rússia pode estar pronta a lançar um ataque militar contra um país da UE ou da NATO antes de 2030”, alertou, citando vários relatórios de serviços secretos ocidentais.
“A questão é saber se existe vontade política suficiente [na Europa] para nos defendermos”, acrescentou.
Sobre o regresso de Donald Trump à Casa Branca (presidência dos Estados Unidos) e o seu impacto na afetação de mais recursos europeus à segurança no continente, Kubilius sublinhou ser necessário “gastar mais na defesa, não por causa de Trump, mas por causa de Putin”.
Desde a invasão russa da Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022, os países europeus têm tentado reforçar a sua indústria de defesa, mas as suas capacidades continuam a ser limitadas.
No entanto, de acordo com as estimativas da NATO, cerca de 49 novas brigadas, 1.500 tanques e mil peças de artilharia terão de ser adicionadas ao arsenal europeu até 2044.
“Estamos muito aquém destas condições, que temos de satisfazer antes de 2030, porque não podemos pedir ao Presidente [russo] Vladimir Putin que adie os seus planos para 2044”, alertou.
Kubilius tenciona impulsionar a expansão da indústria europeia através de “um plano com uma visão clara para o setor”, afirmou.
“Acrescentaremos valor se chegarmos com uma procura significativa, contratos a longo prazo e dinheiro claramente identificado”, insistiu.
O comissário explicou que, ao passo que se um único país europeu comprasse 20 tanques pagaria mais e não teria prioridade em relação a encomendas maiores, se os países europeus encomendassem, em conjunto, 1.500 tanques de uma só vez, poder-se-ia “esperar que o preço fosse mais baixo”, o que encorajaria a indústria, que precisa de visibilidade a longo prazo.
No entanto, tal implica um grande investimento, cerca de 500 mil milhões de euros ao longo de dez anos, segundo Kubilius, que acredita que há soluções.
O representante do executivo comunitário não clarificou os meios de financiamento, embora rejeite um empréstimo europeu pois, segundo frisou, deixaria “toda a gente nervosa”.
Vários países, entre os quais a Alemanha e os Países Baixos, opõem-se a que a União Europeia volte a contrair empréstimos, como fez pela primeira vez durante a pandemia de covid-19.
Kubilius salientou que seria necessário persuadir os Estados-membros a contrair empréstimos de até 500 mil milhões de euros, que seriam reembolsados ao longo de vários anos, com vista a satisfazer as novas exigências da NATO.
A UE dedica atualmente menos de 0,1% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em ajuda militar à Ucrânia, enquanto 9% do PIB da Rússia é absorvido pelas despesas militares, mencionou ainda o representante europeu.
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