Nas últimas décadas, no Reino Unido, as crianças em idade escolar — principalmente em escolas privadas — dominaram as fases iniciais do latim através dos contos de Lucius Caecilius, um banqueiro de Pompeia que viveu no primeiro século d.C., e da sua família, tal como descrito no popular Curso Latino de Cambridge, a ser publicado em breve na sua quinta edição.
Agora, porém, um académico da Universidade de Cambridge produziu um novo guia que sugere que o latim deve ser ensinado mais como uma língua estrangeira moderna, onde os estudantes são encorajados a falar, cantar, atuar ou escrever de forma criativa, em vez de apenas aprender vocabulário e gramática a partir de uma cartilha, conta o The Guardian.
Assim, uma das ideias defendidas é que a tradução de canções de sucesso em latim pode melhorar a compreensão dos estudantes sobre as diferentes técnicas utilizadas na poesia romana.
Steven Hunt, que ensina latim há 35 anos e agora forma professores na área, diz que os métodos tradicionais de ensino ainda têm o seu lugar, mas defende uma abordagem mais imaginativa e de mente aberta para chegar mais facilmente aos alunos.
Para além de defender o latim "ativo" na sala de aula para envolver os alunos, o livro de Hunt detalha uma série de formas inovadoras de desenvolver as capacidades de tradução dos alunos. Num exemplo de um trabalho de investigação, um tutor universitário que lutava para conseguir que os seus alunos se envolvessem com a poesia de Virgil pediu-lhes que, em vez disso, traduzissem canções conhecidas — entre elas estava a música "Bad Blood", de Taylor Swift.
Mas há outros exemplos, desde músicas da Disney — como Let it Go, do filme Frozen — a passeios pelo Google Earth que ajudaram os estudantes a usar o latim enquanto visitavam sítios antigos virtuais, incluindo até um modelo 3D de Roma construído em Minecraft.
Para Hunt, é importante referir que "alguns professores estão a criar um rico conjunto de respostas ao desafio" que é ensinar latim. "A maioria inspira-se em princípios do ensino das línguas modernas. Porque o cérebro humano está ligado ao som, aprende ao falar e ouvir a língua", aponta.
Por isso, "alguns professores de latim estão a aperceber-se de que esta é a forma de aprender qualquer língua — viva ou morta".
"O desafio para os professores nos próximos anos será se estão dispostos a aproveitar estas oportunidades para apresentar o tema de forma diferente e alargar o apelo aos estudantes", rematou.
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