Em comunicado enviado às redações, o PSD de Lisboa "exige a demissão do vereador Ricardo Robles por manifesta falta de ética, de seriedade e de credibilidade política para permanecer no cargo de vereador na cidade de Lisboa".
Esta posição vem na sequência de uma notícia avançada na edição de hoje do Jornal Económico, que dá conta que em 2014 o autarca adquiriu um prédio em Alfama, que foi reabilitado e posto à venda em 2017.
Ricardo Robles integra o executivo liderado por Fernando Medina (PS) e é responsável pelos pelouros da Educação e Direitos Sociais, na sequência de um acordo de governação da cidade firmado com os socialistas após as últimas eleições autárquicas.
Na nota que fez chegar às redações, o PSD aponta que durante as últimas eleições autárquicas Ricardo Robles deu a cara em "cartazes e nas ruas contra o 'bullying' e a especulação imobiliária, contra os despejos, contra os abusos do alojamento local e contra a gentrificação".
Por isso, os sociais-democratas acusam o bloquista de ser "ele mesmo um especulador imobiliário, que 'despeja' inquilinos e que pretende ganhar milhões e enriquecer com a especulação imobiliária na zona histórica do município onde é vereador".
"Queremos ainda registar que este caso vem mostrar que os discursos e as posições do Bloco de Esquerda são uma chocante fraude política que manipula os eleitores e se proclama publicamente contra a 'especulação imobiliária', quando um dos seus principais eleitos faz negócios milionários à sua custa", acrescenta o comunicado.
Num esclarecimento publicado nas redes sociais, Ricardo Robles confirma que em "junho de 2014" adquiriu com a irmã "o imóvel na Rua Terreiro do Trigo, nºs 6 a 26, pelo valor de 347 mil euros", e que em outubro do mesmo ano a Câmara de Lisboa lhe comunicou "a necessidade de realização de obras considerando o mau estado do prédio".
"Iniciei de imediato os procedimentos para um processo de licenciamento para obras junto da Câmara. A obra foi licenciada em 09 de novembro de 2015 e o alvará foi emitido em fevereiro de 2016. A obra foi concluída em março de 2017. O valor total (aquisição, projetos, licenças, obra) foi de aproximadamente um milhão de euros, financiado pela nossa família e mediante um empréstimo bancário contraído junto da Caixa Geral de Depósitos", continua.
Robles refere que o prédio foi colocado à venda, negócio que "foi entregue no final do ano de 2017 à imobiliária, que o avaliou em 5,7 milhões de euros", mas acabou por ser "retirado do mercado". O autarca salienta, porém, que tem "intenção de venda a breve trecho".
Nesta publicação, o bloquista também rejeita que haja um confronto entre este negócio, o programa eleitoral que apresentou e a campanha que fez nas últimas autárquicas, muito crítica da especulação imobiliária e dos despejos que se multiplicam pela cidade.
Num outro esclarecimento enviado às redações, o gabinete do vereador explica que "as renúncias contratuais [referidas pelo jornal] dizem respeito exclusivamente a espaços comerciais, alguns devolutos ou inutilizados, e foram acordadas com cada inquilino".
"A única família que vivia neste imóvel continua a viver, agora com a casa recuperada, com contrato em seu nome e com a duração de oito anos. Esta família paga, depois de efetuadas as obras no imóvel, uma renda mensal de 170 euros", é apontado.
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