“A câmara municipal entendeu que o processo de realojamento não pode passar por construir bairros e alocar as pessoas aos bairros, mas sim integrar as pessoas na comunidade. Por isso, fomos ao mercado ver onde havia habitações”, avançou à Lusa a vereadora da Educação, Desenvolvimento Social e Gestão Urbanística, Manuela Calado.
Na quarta-feira ficou concluído o realojamento dos moradores do lote 10 de Vale de Chícharos, também conhecido como bairro da Jamaica, em que 187 pessoas foram distribuídas por 64 habitações.
Os antigos moradores do bairro ilegal encontram-se agora em casas dispersas pelas várias freguesias do Seixal, uma medida que, na visão da autarquia, “é a melhor solução para integrar as pessoas”.
Segundo a vereadora, além de habitações com condições dignas, as pessoas ganharam também “uma nova oportunidade de vida”.
“A maioria destas pessoas veio à procura de qualquer coisa nova que não tinham nos países de origem. Vieram para o Seixal porque tinham cá família ou porque foi aqui que encontraram trabalho e agora perspetivam outros modos de vida para os filhos”, indicou.
O pagamento de despesas, que não existiam no bairro da Jamaica, será outra das mudanças para esta população, no entanto, segundo Manuela Calado, os moradores “estão preparados”.
“É outra aprendizagem na vida deles, têm que viver na comunidade e prestar contas como outra pessoa qualquer. Todos eles sabem a renda que vão pagar e que juntamente com isso acresce a água e a eletricidade”, explicou.
Além disso, segundo a vereadora, as rendas também serão estabelecidas “de acordo com o rendimento familiar de cada agregado”.
O realojamento do primeiro lote representa um investimento total de cerca de 3,6 milhões de euros, dos quais a câmara municipal suporta 1,9 milhões de euros e o Estado Central 1,6 milhões de euros.
Nos próximos 45 dias, o edifício começará a ser demolido de forma faseada, por questões de segurança.
Segundo a autarquia, a segunda fase do processo já está a ser preparada com o realojamento do lote 13, onde vivem 38 famílias.
O acordo para resolução desta situação de carência habitacional foi assinado em 22 de dezembro de 2017, com uma parceria entre a Câmara do Seixal, o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana e a Santa Casa da Misericórdia do Seixal.
A parceria visa o realojamento de 234 famílias e tem um investimento total na ordem dos 15 milhões de euros, dos quais 8,3 suportados pelo município.
O bairro começou a formar-se na década de 90, quando populações que vinham dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) começaram a fixar-se nas torres inacabadas, fazendo puxadas ilegais de luz, água e gás.
Atualmente os terrenos pertencem à empresa Urbangol e, apesar de ainda não estar definido que projetos lá poderão nascer, o município mantém a esperança de que se possa tornar num parque ou um jardim.
“O que nós queremos é que depois de todo o espaço limpo os terrenos possam servir não só para usufruto daqueles que lá moraram, mas também de concelho todo, principalmente da população envolvente. Eu acho que deverá passar por aí. Se é um parque, um jardim, uma nova construção, isso ainda é um projeto”, avançou Manuela Calado.
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