A “CIRGL saúda o povo centro-africano”, considerando que a decisão de cessar-fogo constitui “o reconhecimento de que o diálogo aberto e construtivo entre todos as forças vivas é a melhor via para o alcance da paz e estabilidade tão ansiada pelo povo centro-africano”, lê-se num comunicado assinado presidente em exercício da CIRGL, o chefe de Estado de Angola, João Lourenço, com data de sábado.
A Conferência “congratula-se” também com os “avanços registados” e “exorta” todos os intervenientes políticos e militares a “cumprirem com o cessar-fogo” e os “princípios do Acordo Político para Paz e Reconciliação na República Centro Africana (APPR-RCA)”, negociado em Cartum e assinado a 06 de fevereiro de 2019, em Bangui, “como referência na busca de uma solução duradoura à crise centro-africana”, acrescenta na mesma nota.
A CIGRL felicita ainda o chefe de Estado da República Centro-Africana, Faustin Archange Touadéra, pela “maneira firme e determinada” com que tem procurado atender às recomendações da III mini-cimeira da CIRGL, realizada em Luanda, em 16 de setembro último.
Nesta mini-cimeira, os chefes de Estado e de Governo da Conferência já tinham apelado para uma declaração de cessar-fogo, por parte da República Centro-Africana, “o mais urgente possível”, tendo em conta o compromisso assumido pelos líderes dos grupos armados, e por ser um fator imprescindível para o sucesso de todo o processo e a criação de um clima propício à paz e à reconciliação nacional.
No comunicado, o presidente em exercício da Conferência reitera o cessar-fogo “como um fator indispensável para o sucesso de todo o processo” e a criação de um clima propício à paz e reconciliação nacional, assim como para a aplicação do Roteiro Conjunto para a Paz na República Centro-Africana aprovado no encontro de 16 de setembro último, incluindo o Programa de Desmobilização, Desarmamento, Reintegração e Repatriamento (DDRR).
Na mesma nota, João Lourenço apela ainda à comunidade internacional, em especial ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, para que renove a sua confiança no processo político em curso na RCA e para que dê “todo o apoio necessário para a salvaguarda da segurança e a promoção do bem-estar” desta república africana.
Além de Angola e da RCA, são membros da CIRGL, Burundi, República Democrática do Congo, Sudão, Sudão do Sul, Tanzânia, Ruanda, Uganda, Zâmbia, Quénia e República do Congo,
Este ano, Luanda já acolheu duas mini-cimeiras de Chefes de Estado e de Governo com o objetivo de contribuir para a pacificação e estabilidade na RCA.
Segundo país mais pobre do mundo segundo as Nações Unidas, a RCA é palco de conflitos há vários anos, incluindo uma guerra civil iniciada em 2013, mas que diminuiu de intensidade desde 2018.
A RCA caiu no caos e na violência em 2013, após o derrube do então presidente, François Bozizé, por grupos armados juntos na Séléka, o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas na anti-Balaka.
Desde então, o território centro-africano tem sido palco de confrontos comunitários entre estes grupos, que obrigaram quase um quarto dos 4,7 milhões de habitantes da RCA a abandonarem as suas casas.
Em julho último, Portugal tinha 241 militares na RCA, dos quais 183 integravam a Minusca.
Os restantes 58 militares portugueses participavam numa missão de treino, promovida pela União Europeia, que terminava em setembro passado.
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