"O que nos resta é ser oposição muito mais eficaz para que amanhã os portugueses tenham uma alternativa e não vejam num mal pior aquilo que realmente, no que nos respeita, não é melhor. E isso passará por nós, passará pelo CDS", afirmou o líder no discurso de consagração perante o 29.º congresso e após a eleição da sua Comissão Política Nacional.

E lamentou que o governo do PS tenha conseguido o apoio de uma maioria absoluta, "apesar das falhas no combate aos incêndios em 2017, de Tancos, das golas antifogo que afinal ardiam, da ocupação forçada de casas privadas em Odemira, da incapacidade em fiscalizar as condições de trabalho de migrantes em Portugal, do ataque ao SEF e informações falseadas no processo de nomeação do procurador europeu".

Nuno Melo insistiu que o CDS-PP "faz falta a Portugal" e "não morreu para a democracia" nas eleições legislativas de janeiro, que ditaram o afastamento do partido da Assembleia da República, e traçou como um desígnio voltar a eleger deputados.

E destacou que o partido "está cá" e "não acabou" enquanto tiver autarcas, deputados europeus e integrar os governos das regiões autónomas.

Afirmando que o primeiro-ministro "tem os olhos no Terreiro do Paço mas, ninguém duvide, está já com o coração em Bruxelas" e que "isso parece mais ou menos nítido", acredita que a saída de António Costa pode significar eleições antecipadas.

O presidente democrata-cristão declarou que "não é a mesma coisa ter o doutor António Costa ou ter o doutor Fernando Medina, com a mesma facilidade com que o doutor António Costa na Câmara de Lisboa quis passar a pasta ao doutor Fernando Medina".

Apontando que não sabe "se a contratação [do agora ministro das Finanças] teve a ver com isso ou não", falou diretamente para a dirigente socialista Ana Catarina Mendes, presente no encerramento do congresso, afirmando, entre risos, que a ministra "também não deixava".

"Nós somos pela estabilidade dos mandatos, mas se tivermos eleições legislativas antecipadas, o CDS estará preparado e será nesse dia que voltará à Assembleia da República", salientou.

E defendeu que "quando a IL se quer sentar à esquerda do PSD", o PSD se posiciona "rigorosamente ao centro" e "basicamente o Chega se quer sentar à direta do regime", existe "todo um espaço deste humanismo personalista entre o PSD e o Chega que faz nisso um buraco doutrinário que não está na Assembleia da República".

"Somos nós e queremos lá voltar", sublinhou, dizendo sentir "angústia" pela perda de representação parlamentar porque "não é justo", e que o CDS não se pode conformar "com o facto de a "parcela da sociedade" que representa "não tenha hoje uma voz" no parlamento.

E salientou que é necessário "reagir" e "construir" ao invés de "deprimir", pedindo aos militantes que acreditem.

Considerando que o futuro do CDS nos próximos anos será “carregado de obstáculos”, Nuno Melo ressalvou que, perante as adversidades, o partido “reergueu-se sempre mais forte” e não desistiu de lutar.

Nuno Melo foi hoje eleito presidente do CDS-PP, depois de a sua Comissão Política Nacional obter 74,93% dos votos dos delegados ao 29.º congresso, que estiveram reunidos em Guimarães entre sábado e hoje.

O eurodeputado sucede a Francisco Rodrigues dos Santos, que se demitiu da liderança depois de conhecido o resultado das legislativas, o pior em 47 anos de história do partido.