"É uma situação muito complicada e só não há fome [na comunidade portuguesa] porque há uma grande solidariedade", afirmou Carolina Amado em declarações à Agência Lusa.

Após a emissão da reportagem da SIC na semana passada que dava conta das dificuldades de cerca de 150 portugueses que trabalham na cidade de Lourdes, em França, a conselheira pediu uma reunião com as autoridades locais e deslocou-se até lá para falar diretamente com os atores no terreno.

Tal como Fátima, em Portugal, Lourdes é uma cidade economicamente dependente do turismo religioso e funciona de forma sazonal. Sendo assim, muitos hotéis só estão abertos entre março e novembro, encerrando no resto do tempo, com a maior parte dos trabalhadores da hotelaria a exercerem funções em regime de contratos com termo.

Quando esses contratos terminam, os descontos acumulados nos meses precedentes chegam para alguns meses de subsídio de desemprego até à próxima época alta, mas desde o início da pandemia de covid-19 em França, muitos hotéis não reabriram e muitos portugueses não conseguiram voltar a trabalhar, encontrando-se numa situação precária.

"Há muita gente que está cá há menos de cinco anos e não tem direito a mais de um ano de subsídio de desemprego. Muitos acabaram de trabalhar em novembro de 2019, deviam ter recomeçado a trabalhar em março, com a pandemia não puderam, e esgotam todos os direitos", indicou.

Carolina Amado encontrou-se com na sexta-feira com Odette Minvielle-Larrousse, vereadora com o pelouro dos Serviços Sociais da Câmara Municipal de Lourdes, Manuela Gonçalves, vice-presidente da Associação dos Trabalhadores Sazonais de Lourdes, e ainda outros atores envolvidos na ajuda aos trabalhadores nacionais.

A conselheira conseguiu a cooperação das autoridades locais para tentar encontrar um novo trabalho aos portugueses desempregados, assim como aulas de francês de forma a capacitar estes trabalhadores para outras áreas. Também haverá uma permanência social na associação de trabalhadores sazonais onde muitos portugueses vão buscar semanalmente comida.

No entanto, os esforços das autoridades francesas não chegam para as situações mais criticas.

"Tendo em conta a urgência social, há pessoas que eventualmente não têm direito a nada e ou as ajudamos a percorrer o caminho para que fiquem no estrangeiro e encontrem outro trabalho ou temos de as repatriar", referiu Carolina Amado.

Segundo a autarquia de Lourdes, ainda não houve nenhum contacto por partes das autoridades lusas.

A conselheira já informou oficialmente o Governo português da situação destes cidadãos em França, assim como o vice-consulado de Toulouse e o Consulado-Geral de Bordéus.

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