O Conselho de Fundadores da Fundação de Serralves reúne-se esta quarta-feira, no Porto, meses depois da demissão do diretor João Ribas, cujo sucessor está ainda por ser escolhido, e a semanas de terminar o mandato do atual conselho de administração. Ana Pinho foi nomeada presidente do conselho de administração para o triénio 2016-2018, depois de integrar o mesmo órgão, desde 2010.
Por seu lado, a direção do Museu de Arte Contemporânea de Serralves continua a ser ocupada pela diretora-adjunta, Marta Almeida, e pelo adjunto do diretor, Ricardo Nicolau, estando o cargo de diretor vago desde a demissão de João Ribas, escolhido por concurso internacional, à semelhança da antecessora, Suzanne Cotter.
Em setembro, na sequência da polémica que culminou com a demissão de João Ribas, no contexto da exposição do fotógrafo Robert Mapplethorpe, a Câmara Municipal do Porto solicitou uma reunião urgente do Conselho de Fundadores, mas o pedido foi recusado pelo presidente deste órgão, Luís Braga da Cruz.
Na altura, a autarquia lembrava ter "assento, por decreto-lei, no Conselho de Fundadores [de Serralves], que reúne ordinariamente uma vez por ano, mas que pode ser convocado extraordinariamente pelo seu presidente ou a pedido do Conselho de Administração".
No final de setembro, o então ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, disse à Lusa não ter comentários a fazer sobre a demissão de João Ribas, as acusações de censura à administração e respetivas rejeições, acrescentando que “o Governo é fundador, mas a administração e o governo da administração cabem ao seu conselho de fundadores, dado que é uma fundação privada”.
O diretor artístico do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, João Ribas, apresentou a sua demissão por considerar já não ter "condições para continuar à frente da instituição", como disse ao jornal Público.
A demissão surgiu depois de a administração ter limitado a maiores de 18 anos uma parte da exposição dedicada ao fotógrafo norte-americano Robert Mapplethorpe, comissariada por Ribas, e de ter imposto, segundo o diretor demissionário, a retirada de algumas obras com conteúdo sexualmente explícito.
Em comunicado, o conselho de administração da Fundação de Serralves contrariou essa acusação, declarando não ter retirado “nenhuma obra da exposição", composta por 159 fotografias, "todas elas escolhidas pelo curador", João Ribas.
A Fundação de Serralves considerou surpreendente o processo de contestação à presidente da instituição, Ana Pinho, e disse não ver motivos para a demissão da administração, como pediram três dezenas de manifestantes, no Porto, nesse mesmo dia.
"É uma total surpresa, e a manifestação é igualmente surpreendente", disse então à agência Lusa Isabel Pires de Lima, em representação do conselho de administração da fundação, que, desde então, já marcou presença – tal como Ribas - numa audição parlamentar sobre o tema, na qual os argumentos das duas partes voltaram a ser reiterados.
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