Nem João Almeida, deputado e porta-voz do partido, nem Filipe Lobo d’Ávila, do grupo "Juntos pelo Futuro", nem o líder da JP, Francisco Rodrigues dos Santos, que está “disponível para aquilo que os militantes” entenderem que pode “ser mais útil”, disseram claramente estar na corrida à sucessão de Cristas, que se afastou depois dos maus resultados do CDS das legislativas, em 06 de outubro, disseram à Lusa vários conselheiros nacionais.
Foram mais de seis horas de reunião em que, na primeira parte, os três dirigentes e Abel Matos Santos, único candidato assumido, da Tendência Esperança em Movimento (TEM), fizeram intervenções em que falaram dos resultados do partido, que passou de 18 para cinco deputados, com 4,2% dos votos, e pediram reflexão sobre o futuro.
No final de um concorrido conselho nacional, mas já com a sala da sede do CDS-PP com pouco mais de 20 conselheiros, a ainda líder, Assunção Cristas, prometeu uma “presença discreta”, para fazer a representação institucional do partido, e disse sair da reunião tranquila com a participação que teve e com o debate de ideias a que assistiu.
E despediu-se, já passava das 04:00, com a frase: “Vamo-nos vendo e, se não for antes, vemo-nos no congresso.”
No final da reunião, em declarações aos jornalistas, tanto Lobo d’Ávila, que à entrada admitiu que anunciará a sua decisão “dentro de dias”, nem João Almeida revelaram posições definitivas.
Almeida admitiu que já está a preparar a moção de estratégia global que pretende levar ao congresso de janeiro de 2020 e defendeu que, antes de pensar na candidatura, é preciso discutir ideias para o futuro do partido.
À partida, todos quiseram “ouvir”, nas palavras de Filipe Lobo d’Ávila, o que os conselheiros nacionais tinham para dizer sobre os resultados do partido, o pior desde as eleições de 1991. O mesmo, ouvir, quis fazer Nuno Melo, eurodeputado do CDS, que na semana passada se excluiu da corrida à liderança.
Na reunião, à porta fechada, segundo relatos feitos à Lusa por conselheiros nacionais, João Almeida defendeu-se das críticas internas, como Lobo d’Ávila, por não ter estado na sede nacional na noite das eleições, justificando-se ter ficado em Aveiro, círculo por onde foi eleito deputado.
Ao longo de horas e horas, em que muitos fizeram pausas para vir à rua conversar ou até encomendar comida, hambúrgueres, no caso, foi ainda possível saber que um militante, Carlos Meira, de Viana do Castelo, que fez uma intervenção crítica a Cristas no congresso de 2018, anunciou aos conselheiros ter a intenção de se candidatar à liderança.
Assunção Cristas falou, logo no início, aos dirigentes do partido para dizer que vai continuar no parlamento até ao congresso de janeiro e que, depois, renunciará ao cargo de deputada, mantendo-se, porém, como vereadora na câmara de Lisboa, para que foi eleita nas autárquicas de 2017.
Na reunião foi aprovada a realização do 28.º congresso nacional do CDS para 25 e 26 de janeiro de 2020, em local ainda a definir.
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