Numa carta enviada hoje ao ministro João Pedro Matos Fernandes, o grupo de cidadãos, que inclui os ex-candidatos presidenciais Paulo de Morais e Henrique Neto, o ex-presidente da associação Transparência e Integridade João Paulo Batalha, a economista Susana Peralta e a ativista Joana Amaral Dias, quer saber quais os meios financeiros comprometidos pelo Governo para o plano de recuperação.
O grupo lembra, na carta a que a Lusa teve acesso, que três anos após o incêndio que devastou a quase totalidade do Pinhal de Leiria não foram levadas a cabo “quaisquer ações de relevo no terreno”.
“Três anos depois, o Pinhal de Leiria continua pouco mais do que um monte de cinzas sem trabalhos de reflorestação em curso, para lá de ações pontuais pouco mais do que simbólicas, sem o investimento público necessário à sua regeneração e à manutenção do pinhal sobrevivente e sem um real compromisso do Estado na recuperação da área ardida”, escrevem.
O grupo chama também a atenção para uma nova ameaça ao Pinhal de Leiria: “as espécies invasoras que impedem a regeneração natural, sufocando os pinheiros entretanto nascidos naturalmente, a falta de meios humanos e de investimento que garanta a boa manutenção e a regeneração daquela área natural”.
Alertam também para a erosão agravada pelo desaparecimento da mata nacional, “da incúria pública”.
Por isso, querem saber quais são os meios financeiros comprometidos pelo Governo – designadamente em sede da proposta de Orçamento do Estado para 2021 – para o plano de recuperação, incluindo a reflorestação integral do Pinhal de Leiria.
Querem saber também quando será feita a "contratação de um quadro de pessoal suficiente – no quadro do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas ou de qualquer outra estrutura de gestão existente ou a criar – para assegurar a manutenção eficiente daquele património público, incluindo o combate às espécies infestantes, bem como a reflorestação continuada da área ardida".
O grupo questiona também o ministro sobre quando haverá um portal eletrónico de acesso geral onde seja divulgada, regularmente, informação sobre o prosseguimento das ações necessárias à recuperação e valorização da Mata Nacional de Leiria.
Por fim, querem saber se o Governo tem intenção de encetar o processo com vista à classificação da Mata Nacional de Leiria como Reserva da Biosfera da UNESCO tendo em conta o seu valor histórico, social, cultural e natural e quando.
O grupo considera que a “importância deste património exige mais do que palavras de circunstância e eventos mediáticos nas cinzas do que foi destruído. Exige um compromisso político, orçamental e humano para a regeneração de tudo o que o país perdeu há três anos”, é referido.
A Mata Nacional de Leiria, também conhecida por Pinhal de Leiria e Pinhal do Rei, é propriedade do Estado. Tem 11.062 hectares e ocupa dois terços do concelho da Marinha Grande. A principal espécie é o pinheiro bravo.
No incêndio de 15 de outubro de 2017 arderam 9.480 hectares de área, equivalente a 54% do território do concelho e 86% da Mata Nacional de Leiria, informou na altura o município.
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